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Uso Emergente do Biocarvão na Agricultura de Santa Catarina

Pesquisas e Desafios na Implementação Eficiente

Por: Redação Fonte: Redação
08/07/2024 às 08h00
Uso Emergente do Biocarvão na Agricultura de Santa Catarina
Biocarvão sendo aplicado em lavoura de hortaliças: Uma prática ainda em crescimento no estado

Resíduos gerados pelas indústrias de carvão vegetal podem ser valiosos para os produtores de cebola, melhorando a qualidade do solo e aumentando a produtividade. Pesquisas conduzidas pela Epagri na Estação Experimental de Ituporanga mostraram os benefícios do biocarvão na agricultura. Além de ajudar no cultivo, o uso desse resíduo contribui para reduzir o impacto ambiental das carvoarias, segundo o pesquisador Fábio Satoshi Higashikawa.

O biocarvão é um material acessível, com preço em torno de R$ 1 por quilo em indústrias de Santa Catarina. Durante a produção de carvão usado em churrascos, são gerados resíduos menores e mais finos, conhecidos como "moinha de carvão" ou "pó de carvão". Quando esses resíduos são utilizados para fins agrícolas ou ambientais, são denominados biocarvão, conforme explica Fábio.

A Epagri iniciou em 2016 pesquisas inovadoras sobre o uso de biocarvão na produção de cebola, avaliando seus efeitos na fertilidade do solo em um sistema de plantio direto. Esse projeto, pioneiro em nível mundial, recebeu financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Os resultados mostraram que, a partir da aplicação de 1 tonelada por hectare, o biocarvão melhora significativamente a fertilidade do solo. Eleva os níveis de nutrientes essenciais como fósforo, potássio e cálcio, além de aumentar a matéria orgânica. O biocarvão também eleva o pH do solo e reduz a toxicidade do alumínio, beneficiando as plantas. Em condições climáticas favoráveis, seu uso pode aumentar a produtividade da cebola, conforme explicado por Fábio Satoshi Higashikawa.

O pesquisador destaca que o biocarvão possui uma resistência maior à decomposição, permitindo que permaneça no solo por um período mais prolongado em comparação com outras formas de matéria orgânica. Isso resulta em benefícios mais duradouros para o sistema de plantio. Segundo ele, os efeitos variam conforme o tipo de biocarvão utilizado, a quantidade aplicada, o tipo de solo e o sistema de plantio adotado.

Utilizando o biocarvão como substituto parcial dos fertilizantes, os produtores de cebola podem diminuir os custos de produção. Os técnicos da Epagri recomendam seu uso tanto em cultivos com preparo convencional do solo quanto no sistema de plantio direto. O pesquisador Fábio Satoshi Higashikawa sugere que o biocarvão pode ser aplicado na superfície do solo e depois incorporado, ou diretamente sobre a cobertura de adubação verde.

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Um segundo estudo, recentemente concluído pela Epagri e pioneiro no Brasil, comprovou os benefícios do biocarvão nas propriedades físicas do solo e no rendimento da cebola. Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de SC (Fapesc) e em parceria com a Universidade do Estado de SC (Udesc), a pesquisa avaliou áreas que receberam doses de biocarvão em 2016.

Os pesquisadores examinaram duas áreas de cultivo de cebola: uma em sistema de plantio direto e outra sem plantas de cobertura. Como os efeitos físicos no solo levam tempo para se manifestar, foram considerados experimentos de seis anos. Estudos de longa duração em campo sobre o impacto do biocarvão nas propriedades físicas do solo são raros na literatura científica. Portanto, este projeto gerou informações relevantes e inéditas para a cadeia produtiva e para a comunidade científica, conforme destacado pelo pesquisador da Epagri.

A aplicação de biocarvão não apenas aumentou o teor de carbono no solo, mas também melhorou a estabilidade dos agregados do solo, o que é crucial para aumentar sua resistência à erosão. Além disso, as áreas tratadas com biocarvão apresentaram melhor retenção e disponibilidade de água, reduzindo assim a necessidade de irrigação na lavoura.

Esses benefícios contribuem significativamente para aumentar a resiliência do solo e da cultura da cebola, especialmente em anos com condições climáticas adversas, conforme resumido por Fábio Satoshi Higashikawa. Os resultados foram notáveis a partir da aplicação de 1 tonelada por hectare de biocarvão incorporado ao solo, destacando-se especialmente em sistemas de plantio direto.

A Epagri está conduzindo uma terceira pesquisa sobre o uso de biocarvão no cultivo de cebola, atualmente em fase de captação de recursos. O próximo objetivo é avaliar como esse material impacta os microrganismos presentes no solo. Conforme dados da literatura científica, o biocarvão tende a aumentar a biodiversidade, a abundância e a atividade desses microrganismos, conforme destacado pelo pesquisador.

O uso de biocarvão na agricultura tem suas raízes nas pesquisas sobre a Terra Preta de Índio (TPI), solos escuros e altamente férteis encontrados na Amazônia. Estudos sugerem que a TPI é resultado da prática histórica de povos indígenas, que utilizavam matéria orgânica carbonizada para preparar o solo para a agricultura.

Em Santa Catarina, o uso de biocarvão nas lavouras ainda não é amplamente adotado. Alguns agricultores o utilizam para melhorar o solo na produção de hortaliças e grãos, mas geralmente sem critérios específicos quanto às doses adequadas. Segundo o pesquisador Fábio Satoshi Higashikawa, uma das limitações dessa prática é a disponibilidade local do material. Ele observa que, como ocorre com todo resíduo orgânico, o custo de transporte restringe seu uso a áreas próximas aos locais de produção.

Da redação Ponto Notícias l Com informação ACOM/Epagri.

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