Um relatório recente da mídia argentina Infobae lançou novas informações sobre dois eventos históricos que impactaram profundamente a Argentina na década de 90. Além do incidente na Associação Mútua Israelita Argentina (AMIA), ocorrido dez dias após seu 30º aniversário, o país também enfrentou um ataque devastador contra a Embaixada de Israel em Buenos Aires, em março de 1992.
Segundo fontes do serviço de inteligência israelense Mossad, parte da rede envolvida no financiamento e na logística desse ataque não apenas permaneceu ativa no Brasil após os eventos, mas alguns de seus membros estabeleceram residência permanente ou mantêm empresas operacionais na região até hoje.
O relatório da Mossad, publicado pela Infobae em 2022, discute a responsabilidade do regime iraniano e do Hezbollah, através da Jihad Islâmica, nos ataques à Embaixada de Israel e à AMIA na Argentina nos anos 90. A Jihad Islâmica, também conhecida como ESO, foi criada com o apoio do Irã para estabelecer infraestruturas para ataques globais fora do Líbano.
Relacionados aos ataques terroristas na Argentina nos anos 90, atribuídos à Jihad Islâmica. Além dos ataques à Embaixada de Israel e à AMIA, houve um incidente adicional envolvendo um homem-bomba em um avião da Alas Chiricanas, resultando na morte de 21 pessoas, incluindo 12 judeus. O relatório da Mossad detalha o planejamento dos ataques, destacando a criação de infraestrutura e células operacionais. Também menciona a presença de membros da Jihad Islâmica no Brasil antes dos ataques, alguns dos quais ainda residem ou possuem empresas ativas no país.
Todas atividades de Hussein Ali Gharib no Brasil desde os anos 90, onde ele possui um pequeno negócio de assistência técnica e acessórios para celulares em São Paulo, inaugurado em 2002. Ele também faz viagens frequentes ao Líbano. Gharib foi detido em 1993 no aeroporto de Beirute por posse de dinheiro falsificado enquanto se preparava para embarcar para o Brasil. Juntamente com ele, outro membro da Jihad Islâmica, Ghaleb Hassan Hamdar, foi preso. O filho de Hamdar foi implicado em um caso no Peru relacionado ao Hezbollah em 2014.
O relatório da Mossad indica que Hamdar trabalhava para a Sandobad, uma empresa de confecções registrada no Brasil, da qual Gharib era sócio. A Mossad considera altamente provável que a Sandobad tenha sido usada na transferência de fundos para o ataque de 1992. A empresa foi fundada em São Paulo em 1991 por Gharib e outros sócios, incluindo Hassan Suleiman Abu-Abbas, que chegou ao Brasil no final dos anos 80 vindo do Líbano.
Hassan Abu-Abbas é descrito pela Mossad como membro da Jihad Islâmica e da Célula Logística de 1992, envolvido em atividades como o sequestro de ocidentais no Líbano nos anos 80. Seu irmão, Hussein Suleiman Abu-Abbas, teve um papel importante no atentado de 1992, transportando explosivos escondidos em produtos de consumo.
Hussein Suleiman Abu-Abbas transportou os detonadores em sua bagagem de mão durante um voo comercial de Beirute para Buenos Aires, conforme detalhado no relatório da Mossad, onde é mencionado como membro do "grupo operacional". Atualmente, é provável que viva no Líbano, mantendo contato frequente com parte de sua família no Brasil. Em abril de 1991, desembarcou na Tríplice Fronteira para se encontrar com seu irmão Hassan em Ciudad del Este, Paraguai, sendo ajudado por ele a entrar ilegalmente em Foz do Iguaçu, Brasil.
Em São Paulo, Hussein trabalhou para a Sandobad e, de acordo com a Mossad, gerenciava também um pequeno restaurante de culinária libanesa. Seguindo procedimentos da Jihad Islâmica, ele transmitiu informações de contato para seu irmão Hassan no Brasil, permitindo que fosse contatado pelos comandantes do grupo se necessário. Em julho de 1991, encontrou-se no Brasil com Talal Hamiyah e um agente conhecido como Hussein Ahmad Karaki, este último designado por Hamiyah como seu contato na América Latina.
Karaki e Hussein Abu-Abbas começaram a se encontrar regularmente na Tríplice Fronteira. Durante esses encontros, Karaki propôs a Hussein a ideia de irem juntos à Argentina, alugarem um apartamento em Buenos Aires. estabelecer uma base operacional discreta. A proposta, segundo relatórios da Mossad, visava a preparação para possíveis operações futuras na região.
Da redação Ponto Notícias