A última edição do relatório do Observatório das Desigualdades foi divulgada nesta terça-feira (27) pelo movimento Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, que conta com a participação de mais de 200 organizações. O documento apresenta informações preocupantes sobre a situação de desnutrição entre crianças indígenas e a falta de progresso na educação de crianças e jovens negros no Brasil.
O relatório revela as desigualdades em áreas como renda, educação, transporte, violência urbana e impacto das mudanças climáticas, destacando as diferenças marcantes nas condições de vida de diversos grupos étnicos e de gênero. Entre 2022 e 2023, o estudo aponta que a desnutrição entre meninos indígenas de até 5 anos aumentou em 16,1%, enquanto entre meninas da mesma faixa etária houve um crescimento de 11,1%. Além disso, a taxa de escolarização no ensino superior entre homens negros continuou em torno da metade da registrada entre homens brancos.
Embora tenha havido pequenas melhorias, como o crescimento na frequência de crianças de 0 a 3 anos em creches, as desigualdades continuam presentes. O menor avanço foi registrado entre meninas negras, com um aumento de apenas 2,4% na cobertura. No campo da educação, a taxa de escolarização no ensino médio é de 66% para estudantes negros, enquanto entre estudantes brancos esse índice chega a 75%. No ensino superior, a escolarização entre homens negros é de 12,6%, comparada a 24,5% entre homens brancos.
O relatório também indica uma redução na extrema pobreza no Brasil, com uma queda de 2,8% para 1,7%. No entanto, ressalta que a disparidade entre os mais ricos e os mais pobres permaneceu constante. Em 2023, o 1% mais rico do país possuía uma renda média mensal per capita 31,2 vezes superior à dos 50% mais pobres, representando um aumento em relação ao ano anterior.
A desigualdade na educação é evidente em todo o Brasil, com uma diferença marcante na taxa de escolarização no ensino médio: apenas 66% dos estudantes negros estão matriculados, em contraste com 75% dos estudantes não negros (incluindo brancos, amarelos e indígenas, segundo a classificação do IBGE). No ensino superior, essa disparidade é ainda mais acentuada. Apenas 12,6% dos homens negros estão matriculados em universidades, o que equivale a metade da proporção entre os homens brancos, que é de 24,5%. A desigualdade é similar entre as mulheres: enquanto 17% das mulheres negras frequentam o ensino superior, quase 32% das mulheres brancas estão na universidade.
Mesmo com a eleição de Lula, que trouxe uma agenda progressista focada na redução das desigualdades, os números mostram que a realidade social do Brasil ainda enfrenta grandes desafios. As disparidades em áreas cruciais como educação, saúde e acesso a oportunidades permanecem elevadas, segundo o relatório do observatório. A análise conclui que, embora políticas inclusivas sejam implementadas, a superação dessas desigualdades requer um compromisso contínuo e medidas mais profundas para transformar as estruturas históricas de exclusão.
Da redação Ponto Notícias
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