Um oficial aposentado, José Placídio dos Santos, foi condenado a quatro meses de prisão, mas a sentença será cumprida em regime aberto, devido a sua conduta ofensiva direcionada ao comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, durante os eventos de 8 de janeiro de 2023. A decisão foi tomada pela juíza Flávia Ximenes Aguiar de Sousa, da Justiça Militar, na quarta-feira (27), e o acórdão foi divulgado no dia seguinte.
A juíza mencionou que a condenação foi acordada por unanimidade pelos quatro juízes militares. No entanto, a permissão para que Santos responda em liberdade e tenha a chance de recorrer foi concedida, considerando que ele é réu primário e possui um histórico sem registros criminais. A sentença destacou que as ofensas foram dirigidas a um superior hierárquico e publicadas em uma rede social.
José Placídio dos Santos insultou o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, chamando-o de "prostituta do ladrão" em comparação ao ex-comandante Almir Garnier, que era próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em uma publicação na rede social X, Santos expressou sua insatisfação ao dizer: "Sai um herói patriota, entra uma prostituta do ladrão, com o devido respeito a elas. Venha me punir, Almirante, e me distinga em definitivo da sua estirpe".
Além de Olsen, Santos também instigou as Forças Armadas a se envolverem nos atos de invasão e destruição das sedes dos Três Poderes em Brasília, sugerindo que era uma oportunidade para que as Forças Armadas tomassem partido. Em uma de suas postagens, ele questionou: "Onde estão os briosos coronéis com a tropa na mão?"
Em outra publicação, Santos provocou o então comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, que foi exonerado duas semanas após os eventos. Ele escreveu: "General Arruda, o Brasil e o Exército esperam que o senhor cumpra o seu dever de não se submeter às ordens do maior ladrão da história da humanidade. O senhor sempre teve e tem o meu respeito, força".
No mesmo dia em que José Placídio dos Santos foi condenado, o comandante do Exército, general Tomás Miguel Paiva, autorizou a abertura de um inquérito para investigar dois coronéis da ativa e dois da reserva. Esses oficiais são suspeitos de terem participado na elaboração de uma carta que pressionava o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, a apoiar um movimento que visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.
General Paiva mencionou a existência de "indícios de crime" cometidos pelos coronéis Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, Anderson Lima de Moura, Carlos Giovani Delevati Pasini, e José Otávio Machado Rezo Cardoso. A carta, intitulada "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro", foi vista por Freire Gomes como uma tentativa de pressioná-lo a apoiar uma possível tentativa de golpe de Estado.
O documento que pressionava o então comandante do Exército foi assinado por 37 militares e entregue ao tenente-coronel Mauro Cid, que era ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. A entrega ocorreu na noite de 28 de novembro de 2022. O manifesto expressava críticas ao Poder Judiciário e afirmava que os militares estavam atentos ao que consideravam ser uma situação de insegurança jurídica e instabilidade política e social no país.
Essa carta foi descoberta no celular de Mauro Cid durante investigações da Polícia Federal, que ocorreram após os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos três Poderes em Brasília foram invadidas e vandalizadas.
Da redação Ponto Notícias l Com informação Guilherme Grandi *GP.
Mín. 26° Máx. 43°