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Brasil se prepara para enfrentar pragas agrícolas ameaçadoras com estudos de zoneamento e controle

Embrapa identifica regiões vulneráveis e levanta possíveis métodos de controle para prevenir o avanço de pragas quarentenárias como a Anastrepha curvicauda e a Bactrocera dorsalis no Brasil

01/09/2024 às 07h00
Por: Redação Fonte: Redação
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Mapa de áreas vulneráveis no Brasil para o desenvolvimento de pragas agrícolas como a Anastrepha curvicauda, identificado pela Embrapa
Mapa de áreas vulneráveis no Brasil para o desenvolvimento de pragas agrícolas como a Anastrepha curvicauda, identificado pela Embrapa

Pesquisadores da Embrapa identificaram três pragas que, apesar de não estarem presentes no Brasil, representam um risco significativo para a agricultura do país, baseando-se em seu impacto em outras nações. Essas pragas podem encontrar condições propícias para se estabelecer em certas regiões brasileiras, devido a fatores como o clima e a presença de culturas que poderiam servir de hospedeiras. Para mitigar essa ameaça, foram identificados possíveis métodos de controle, incluindo o uso de inseticidas e agentes biológicos, integrados em práticas que também levam em conta a conservação de áreas ambientais sensíveis.

Rafael Mingoti, analista da Embrapa Territorial em São Paulo, coordena o trabalho de mapeamento das áreas no Brasil que podem ser vulneráveis ao surgimento de pragas agrícolas. A equipe utiliza duas abordagens principais para realizar esse zoneamento. A primeira envolve o cruzamento de dados climáticos históricos, como temperatura e umidade, com a presença de plantas hospedeiras, para identificar regiões em que as pragas poderiam se desenvolver em diferentes épocas do ano. A segunda abordagem é empregada na ausência de dados experimentais, utilizando algoritmos que comparam as condições ambientais de áreas já afetadas por pragas em outros países com as condições encontradas no Brasil, como foi feito para a praga Anastrepha curvicauda.

No caso da Bactrocera dorsalis, também conhecida como mosca-das-frutas-oriental em outros países, a Embrapa identificou que o período de julho a outubro é o mais favorável para o desenvolvimento dessa praga no Brasil. Essa praga ataca diversas culturas, como abacate, banana, cacau, café, caju, caqui, citros, feijão, goiaba, maçã, mamão, manga, maracujá, melão, melancia e tomate. O zoneamento revelou que algumas das principais microrregiões produtoras de frutas nas Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil apresentam condições favoráveis para a proliferação dessa praga, sendo que alguns municípios do Nordeste podem ser afetados durante todo o ano, o que agrava a preocupação. Mingoti alerta que, caso haja uma confirmação oficial da presença de pragas quarentenárias no país, isso poderia resultar em barreiras comerciais internas e externas, impactando o transporte, a comercialização e a exportação de produtos agrícolas.

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A mosca-das-frutas-do-mamão, conhecida cientificamente como Anastrepha curvicauda, é a principal praga que afeta o mamoeiro em outros países e representa uma ameaça significativa ao Brasil, que é o segundo maior produtor mundial de mamão. Essa praga não só prejudica o mamoeiro, mas também a manga, uma fruta de grande importância para exportação. A análise da Embrapa identificou 721 municípios em todas as regiões do Brasil como áreas favoráveis ao desenvolvimento dessa praga, incluindo locais em estados produtores de frutas nas Regiões Sudeste, Sul e Nordeste. Além disso, áreas próximas a países sul-americanos onde a praga já está presente foram apontadas como vulneráveis.

A Embrapa se preparou antecipadamente para enfrentar possíveis surtos dessas pragas quarentenárias, que atualmente não têm agrotóxicos ou agentes de controle biológico registrados no Brasil. Foram analisados 41 princípios ativos contra a Lobesia botrana, 8 para a Anastrepha curvicauda e 23 para a Bactrocera dorsalis, considerando tanto suas propriedades físico-químicas quanto os impactos ambientais. A Embrapa também identificou inimigos naturais dessas pragas, com prioridade para espécies já presentes no Brasil, de modo a permitir uma resposta rápida caso as pragas entrem no país. Essas informações foram usadas para realizar zoneamentos de áreas favoráveis, orientando o manejo integrado de pragas com o objetivo de minimizar o uso de agrotóxicos e reduzir os impactos ambientais.

Todos esses resultados foram compilados em relatórios que foram entregues à Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Esses relatórios têm como objetivo apoiar políticas públicas e regulamentações para o controle fitossanitário das pragas. Segundo José Victor Alves Costa, coordenador-geral de Agrotóxicos e Afins do Mapa, a identificação de potenciais agrotóxicos e agentes de controle biológico é crucial para permitir a liberação emergencial de produtos eficazes e seguros no caso da entrada dessas pragas no território nacional.

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A equipe que realizou esse trabalho contou com a colaboração de diversas unidades da Embrapa, incluindo Meio Ambiente, Amapá, Semiárido e Territorial, além de fiscais federais do Mapa.

Da redação Ponto Notícias

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