Suely Carvalho, ex-presidente do Ibama, fez críticas à postura contraditória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação às questões ambientais. Ela apontou que não é viável assumir o papel de líder em clima enquanto o país se posiciona como um grande produtor de petróleo. As declarações de Carvalho foram feitas durante uma entrevista ao portal Metrópoles.
Atualmente coordenadora de Políticas Públicas no Observatório do Clima, Carvalho destacou a incoerência entre as falas de Lula, que, desde que reassumiu o cargo de presidente, tem se posicionado favoravelmente à preservação ambiental. Segundo ela, essas narrativas parecem estar em desacordo com as ações do governo em relação à exploração de recursos energéticos.
Suely Carvalho também mencionou que, embora Lula tenha construído uma narrativa convincente ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em defesa das políticas ambientais, ele continua apoiando a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas. Ela apontou a contradição entre o discurso ambiental do presidente e sua defesa da ampliação da produção petrolífera, mesmo em meio à crise climática global.
Lula já defendeu publicamente a exploração de petróleo em diversas ocasiões e expressou interesse em que o Brasil faça parte da Opep+, o que tem gerado tensões dentro de seu próprio governo. A ministra Marina Silva, por exemplo, já se posicionou contra a exploração de petróleo na região, mostrando divergências dentro da gestão petista sobre o tema.
Ambientalistas têm criticado abertamente a postura de Lula em relação à exploração de petróleo, reforçando que não há como justificar a sustentabilidade nessa atividade. Suely Carvalho, ex-presidente do Ibama, destacou que essas contradições são claras no próprio discurso do governo. Enquanto Lula busca promover uma imagem ambiental, o Brasil enfrenta desafios como o aumento das queimadas, o que fragiliza sua posição internacional sobre o tema.
A ida de Lula à Assembleia Geral da ONU, onde tradicionalmente o Brasil abre os discursos, é vista como uma oportunidade para o presidente cobrar mais investimentos dos países desenvolvidos na preservação ambiental e no combate às mudanças climáticas. Entretanto, especialistas acreditam que ele será pressionado a responder sobre a situação das queimadas no Brasil, o que pode gerar um impasse em seu discurso ambiental diante da comunidade internacional.
No início de sua participação na Assembleia Geral da ONU, Lula pode adotar um discurso focado em destacar os esforços do Brasil para conter as queimadas, ressaltando que, apesar dos desafios, as ações do governo têm contribuído para a redução gradual dos incêndios florestais. Ele pode ainda argumentar que o país está comprometido com a preservação ambiental, mesmo diante de circunstâncias adversas.
No entanto, especialistas preveem que a pressão internacional será grande, principalmente em relação às recentes queimadas que devastaram áreas importantes do Brasil. Para contornar as críticas, Lula poderá afirmar que o fogo já foi controlado e que as áreas afetadas estão em processo de recuperação, apesar das cinzas e dos danos visíveis.
O presidente também deve enfatizar que os custos associados à recuperação das áreas devastadas serão responsabilidade dos proprietários de terras e imóveis, minimizando o impacto do governo nessas ações. Ele pode utilizar esse argumento para reforçar que o Brasil está no caminho certo, mas que os desafios da preservação ambiental são compartilhados globalmente, exigindo maior comprometimento dos países desenvolvidos com investimentos e suporte técnico.
Da redação Ponto Notícias
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