Após o falecimento do pai, os irmãos de Araguaína fizeram uma descoberta inusitada: uma quantidade de 32 milhões em Cruzados guardados em uma mala. Segundo um dos filhos, o pai, desconfiado das instituições bancárias, preferiu manter o dinheiro em espécie. Agora, a família busca colecionadores específicos para vender moedas e cédulas antigas.

Foi por falta de confiança nos bancos que Paulo Abreu passou a guardar seu dinheiro em uma 'poupança física' durante anos, segundo a família. As economias eram tão bem guardadas que somente após sua morte aos 77 anos, em 2012, seus filhos encontraram a maior parte da 'herança' que soma 32 milhões em Cruzados.

A decisão de Paulo Abreu de preservar suas economias fora do sistema bancário foi dada pela falta de confiança nas instituições financeiras, conforme explicado por seus familiares. Ele manteve o valor em espécie por anos, criando uma "poupança física". Só após seu falecimento, aos 77 anos, em 2012, seus filhos descobriram a quantia de 32 milhões em Cruzados guardados como parte dessa curiosa herança.

Waloar Pereira Magalhães, um dos filhos de Paulo, revelou que o pai, já em idade avançada, decidiu evitar movimentações bancárias. "Ele era uma pessoa idosa e não quis mais mexer com o banco, né? Mas nós não sabíamos que ele guardava tanto [de dinheiro], não", ocorreu Waloar, ainda surpreso com o montante escondido.

Waloar revelou que seu pai mantinha o traje de deixar moedas visíveis sobre uma mesa no quarto, preservando-as como parte de suas economias pessoais.

Waloar explicou que o pai guardava moedas antigas em um vidro exposto para que todos em casa pudessem ver. Entre elas, havia moedas de valores antigos, como centavos e quatrocentos réis. Esse hábito de juntar moedas era conhecido pela família, mas a quantidade em cédulas foi uma surpresa completa.

As cédulas de Cruzado, cuidadosamente guardadas por Paulo, foram achadas pelos filhos dentro de uma mala após seu falecimento. Essa "herança" inclui notas e moedas de uma moeda que circulou no Brasil durante os anos 80, antecedendo várias trocas monetárias até a chegada do Real em 1994.

Especialistas afirmam que converter o valor das antigas cédulas para o Real é um desafio, devido à alta inflação e às várias mudanças monetárias ocorridas desde então. Mesmo assim, estimamos que, quando ainda tinha valor, essa quantidade seria suficiente para comprar pelo menos oito casas de dois quartos, com sala, cozinha e banheiro, construídas sob encomenda.

Waloar relata que seu pai, Paulo Abreu, teve uma vida marcada por diversas ocupações, incluindo o trabalho em garimpo e a atuação como dentista, profissão que exerceu por três décadas. Além disso, Paulo construiu e vendeu imóveis em Araguaína, mantendo sempre um estilo de vida econômico. "Ele era muito cuidadoso com o dinheiro. Construía uma casa, vendia, construía outra. No centro da cidade, inclusive, meu irmão ainda mora em uma das casas que ele deixou", conta Waloar, destacando o perfil reservado do pai com suas finanças .

Waloar conta que seu pai, Paulo Abreu, teve uma trajetória de vida diferente, atuando como garimpeiro e dentista há 30 anos, além de investir na construção e venda de imóveis na cidade de Araguaína. Conhecido por sua economia, Paulo tinha o hábito de construir uma casa, vender e reinvestir o lucro em outro imóvel, estratégia que deixou um legado para a família, incluindo uma casa no centro da cidade onde seu irmão ainda vive.

Após o falecimento de Paulo em 2012, Waloar preservou o dinheiro e as moedas guardadas pelo pai, mas só em 2024, ao ver uma reportagem sobre o valor de moedas antigas para colecionadores, decidiu explorar seu potencial de venda. "Estava guardado porque não tinha mais valor de troca, mas pensei que talvez, para colecionadores, isso pudesse valer muito", referindo-se a Waloar, mencionando o interesse renovado pelos itens históricos.

Após a descoberta das antigas economias de Paulo, a família deseja encontrar um colecionador disposto a adquirir as notas ou explorar a possibilidade de converter os Cruzados em Reais. “Se Deus quiser, e ainda tiver como fazer a troca no banco, seria uma oportunidade de começar uma vida nova”, comenta Waloar, esperançoso.

Entretanto, segundo André Luiz Padilha, presidente do Clube Numismático do Rio de Janeiro, o valor comercial dessas moedas e notas é baixo, o que representa um desafio adicional para a inovação de transformar a herança em um montante significativo.

O especialista enfatiza que as cédulas encontradas, por serem dobradas e apresentarem manchas e marcas, têm um valor numismático reduzido, especialmente em comparação com cédulas em melhor estado de conservação. “Cédulas que passaram por grande circulação e que estão gastas geralmente não possuem valor significativo no mercado”, afirmou.

A Numismática, que é o estudo de moedas e itens similares, pode revelar oportunidades valiosas, especialmente no caso de cédulas raras, que podem ser vendidas a colecionadores a preços elevados. No entanto, a condição das cédulas encontradas limita as opções da família em transformar a herança em um valor específico.

Dinheiro Antigo no Tocantins

Essa não é a primeira vez que moedas antigas são descobertas no Tocantins. Em dezembro de 2023, o lavrador Valdomiro Costa, na cidade de Conceição do Tocantins, encontrou 206 moedas do período colonial após adquirir um detector de metais. Quando o equipamento apitou, ele desenterrou um pote de barro que, ao quebrar, revelou uma coleção de moedas.

Inicialmente, Valdomiro ficou desapontado com a descoberta, mas seu filho o aconselhou a não descartar os itens e consultar uma professora de história e geografia. Após pesquisas, descobri que as moedas datam de 1816, e as mais valiosas entre elas, uma de 960 réis, é de prata e conhecida como "patacão".

Como o recipiente que continha as moedas não foi classificado como parte de um sítio arqueológico, não houve restrições para sua venda. Até janeiro deste ano, as moedas foram guardadas no cofre de um banco em outra cidade, enquanto Valdomiro buscava informações sobre como proceder com a comercialização dos itens.

Da redação Ponto Notícias l Com informação G1 Tocantins