O cenário do varejo brasileiro reflete um ambiente de intensas transformações econômicas e sociais ao longo da última década. A liderança dos MEIs nas aberturas de novos negócios é um indicativo de busca por independência financeira e oportunidades em meio a desafios econômicos. Essa movimentação também demonstra a relevância da formalização de pequenos empreendedores, que têm impulsionado o dinamismo do setor.
Por outro lado, os fechamentos de microempresas evidenciam a necessidade de maior suporte e políticas públicas que promovam a sustentabilidade dos negócios, principalmente em períodos de instabilidade econômica. A alta taxa de encerramento, representando 88% do total, destaca os desafios enfrentados por esses empreendimentos em se manterem competitivos.
O atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentou um cenário de aumento na inflação, impactando especialmente as famílias de menor poder aquisitivo.
Dados recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam que, enquanto a inflação diminuiu para as classes mais altas, ela caiu 4,99% nos últimos 12 meses até outubro para famílias com renda domiciliar muito baixa, inferior a R$ 2.105, 99 meses.
A redução da inflação entre as famílias de maior renda foi impulsionada pela queda nos preços das passagens aéreas, um item com maior peso nos orçamentos mais altos. Por outro lado, os consumidores de menor renda continuam a enfrentar dificuldades, devido ao aumento nos preços dos alimentos e da energia elétrica, que elevam o custo de vida.
Os alimentos, que compõem cerca de 25% dos gastos das famílias de renda muito baixa, têm um impacto ainda mais expressivo no orçamento quando os preços sobem, agravando a pressão inflacionária sobre esse grupo.
Nos últimos dez anos, o setor varejista brasileiro experimentou uma intensa alternância entre inaugurações e encerramentos de pontos de venda (PDVs). De janeiro de 2014 a agosto de 2024, cerca de 11,6 milhões de novos estabelecimentos foram abertos, gerando uma média de 91 mil inaugurações por mês. Paralelamente, 7 milhões de lojas encerraram suas atividades, o que equivale a uma média mensal de 55 mil fechamentos.
O levantamento aponta os MEIs (microempreendedores individuais) como os principais responsáveis pelas novas aberturas, representando 69% das inaugurações no período. Em contraste, as microempresas lideraram os fechamentos, sendo responsáveis por 88% das atividades encerradas, refletindo os desafios enfrentados por pequenos negócios no país.
O varejo continua sendo uma tarifa da economia brasileira, impactada por fatores como mudanças nos hábitos de consumo, inflação e oscilações de demanda. Nesse contexto, a adaptação e a inovação são elementos essenciais para a sobrevivência e o crescimento dos negócios, especialmente para os pequenos empreendedores.
Consolidando-se como um setor estratégico, o varejo brasileiro segue sua trajetória com a expectativa de fortalecer a base empreendedora. O futuro do segmento dependerá de políticas integradas e da criação de um ambiente de negócios mais favorável, que permita tanto o crescimento quanto à sustentabilidade das empresas.
Da redação Ponto Notícias l Brasília