Após um pronunciamento de Fernando Haddad, o valor da moeda americana atingiu novos recordes e se modificou dos R$ 6. Embora tenha sido anunciado um conjunto de medidas pelo ministro da Economia, o mercado permanece cético em relação à eficácia do pacote proposto pelo governo de Economia Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesta quinta-feira (27), o dólar comercial iniciou o dia com uma grande valorização, ultrapassando a marca de R$ 5,99, superando o recorde anterior de R$ 5,97, sucesso em maio de 2020, durante o pico da pandemia. Essa alta ocorre após a moeda americana ter fechado na quarta-feira no maior valor nominal da história do Plano Real, registrando R$ 5,9124.
A valorização do dólar foi impulsionada pela ocorrência negativa do mercado financeiro ao pacote fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Embora o governo tenha anunciado uma estratégia para economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, a proposta de isentar do Imposto de Renda aqueles que ganham até R$ 5 mil gerou preocupações fiscais. Para os analistas, a medida considerada populista, enfraqueceu Haddad, ao mesmo tempo em que cumpriu uma promessa de campanha do presidente Lula, mas aumentou as incertezas sobre as previsões de ajuste fiscal.
No discurso de quarta-feira (26), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou seu pacote fiscal sem utilizar o termo “corte” e destacando as seguintes mudanças:
Isenção do Imposto de Renda para rendas de até R$ 5 mil : Apesar da promessa de isentar quem recebe até essa quantia, houve receitas sobre a possibilidade de erosão fiscal. Para compensar, o governo prevê maiores impostos sobre receitas superiores a R$ 50 mil mensais.
Alterações na Previdência dos militares : O governo propôs a criação de uma idade mínima de 55 anos para aposentadoria e o fim das pensões para familiares de militares expulsos, o que resultaria em uma economia de cerca de R$ 20 milhões militares no Exército.
Ajustes no abono salarial do PIS/Pasep : A proposta limita o pagamento do abono salarial a trabalhadores com uma renda de até 1,5 salário mínimo.
A falta de detalhes sobre as medidas apresentadas, inclusive com o aumento nas despesas decorrentes da correção do Imposto de Renda, gerou ceticismo no mercado financeiro. O pacote fiscal foi visto como inadequado para garantir a estabilidade das finanças públicas, especialmente em um cenário de inflação global crescente e taxas de juros altas nos Estados Unidos, fatores que já impactam melhorias nas moedas de países emergentes.
A evidência do mercado à proposta fiscal de Fernando Haddad reflete a crescente preocupação com as previsões do ajuste fiscal proposto pelo governo. A falta de clareza sobre os detalhes das medidas e o risco de aumento dos gastos públicos com a autorização do Imposto de Renda para rendas de até R$ 5 mil gerou receitas quanto à sustentabilidade fiscal do país. A desconfiança do mercado é exacerbada pela pressão externa, como a alta das taxas de juros nos EUA e a inflação global, que já afeta as economias emergentes, incluindo o Brasil.
Enquanto o governo busca implementar seu pacote fiscal como uma solução para o crescimento econômico, a disparada do dólar e as incertezas no mercado financeiro revelam que as promessas fiscais ainda precisam de maior detalhamento e de medidas mais concretas para restaurar a confiança dos investidores. O futuro das contas públicas está em jogo, e o governo terá de superar esses desafios para estabilizar a economia e garantir que o ajuste fiscal seja eficaz e sustentável a longo prazo.
Da redação Ponto Notícias l Brasília