Um estudo realizado por uma agência das Nações Unidas aponta que o Brasil tem potencial para economizar cerca de US$ 427 bilhões anualmente por meio de transformações no setor agroalimentar. A pesquisa, que envolveu uma análise de 156 países, destaca que o país é um exemplo de iniciativas inovadoras para práticas agrícolas mais sustentáveis e eficientes.
Essas mudanças podem incluir a adoção de técnicas que otimizem os recursos naturais, reduzam o desperdício e promovam a conservação ambiental, fornecendo como modelo para uma produção global mais equilibrada e responsável.
Um levantamento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) revelou que os sistemas agroalimentares globais geram custos ocultos estimados em US$ 12 trilhões anualmente. Esses custos são considerados invisíveis, pois não são diretamente incorporados aos preços de mercado dos produtos alimentares.
O relatório detalha esses gastos em três categorias principais: impactos ambientais, efeitos sociais e custos relacionados à saúde, abrangendo desde a manipulação de ecossistemas até despesas relacionadas a problemas de saúde pública provocados por práticas de produção e consumo.
No contexto brasileiro, mudanças nos métodos de produção agrícola têm o potencial de reduzir custos anuais em até US$ 427 bilhões. Segundo Jorge Meza, representante da FAO no Brasil, esses gastos estão diretamente ligados aos impactos gerados pelos sistemas agroalimentares, incluindo danos ambientais, desafios sociais e despesas com saúde pública associadas às práticas adotadas atualmente.
No Brasil, há uma maior parcela dos custos ocultos associados aos sistemas agroalimentares adicionais aos impactos ambientais, que totalizam cerca de US$ 294 bilhões anuais. Esses gastos estão relacionados a problemas como emissões de nitrogênio, liberação de gases poluentes e alterações consumidas no uso da terra, refletindo a necessidade de práticas agrícolas mais sustentáveis.
Os impactos das dietas prejudiciais, associados a doenças como diabetes e problemas cardíacos, representam um custo de US$ 130 bilhões por ano no Brasil. Paralelamente, fatores sociais, como a pobreza entre os produtores rurais e a subalimentação, geram despesas menores, somando cerca de US$ 3 bilhões anuais. Embora a subalimentação não seja um problema predominante entre os trabalhadores do campo, sua existência exige atenção estratégica e medidas efetivas por parte dos gestores públicos.
Uma política pública destacada envolve o suporte ao agricultor familiar, oferecendo acesso a insumos agrícolas, orientações técnicas e linhas de crédito. Essa abordagem busca fortalecer a capacidade produtiva desses trabalhadores, promovendo a autossuficiência e garantindo que atinjam condições adequadas para atender às suas necessidades alimentares essenciais, conforme explica Jorge Meza.
A análise realizada pela FAO abrangeu 156 nações, identificando políticas públicas que integraram os custos não evidentes dos sistemas agroalimentares em sua formulação. No Brasil, destaqueam-se o Código Florestal e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) como referências para práticas globais sustentáveis. O PAA, além de contribuir para a produção dos agricultores familiares em 13%, também impactou positivamente a nutrição de milhões de estudantes em todo o país.
Segundo o representante da FAO no Brasil, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) também contribuiu para reduzir custos ocultos na área da saúde, organizado como uma fonte relevante de alimentos saudáveis para crianças em situação de insegurança alimentar. Além disso, foi constatado que o programa favorece a assiduidade escolar, reforçando seu impacto social positivo.
Da redação Ponto Notícias l