Um ex-integrante do governo Lula afirmou que o Brasil tem perdido oportunidades de investimento devido à ausência de estabilidade nas contas públicas. Ele destacou que a insegurança fiscal seria a principal razão para o afastamento de potenciais investidores do país.
O economista Marcos Lisboa avaliou que a falta de cumprimento das metas de estabilidade fiscal, anunciadas pelo governo Lula (PT), gerou desconfiança e afastou investidores do mercado brasileiro.
Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica durante o primeiro mandato de Lula, entre 2003 e 2006, discordou da justificativa do governo de que a valorização do dólar seria fruto de um "movimento especulativo" do mercado financeiro em resposta ao pacote econômico apresentado.
Em entrevista à Folha de S. Paulo , Marcos Lisboa afirmou que o governo prejudicou a si mesmo ao propor um pacote econômico considerado insuficiente e estruturado com medidas moderadas.
Após semanas de especulações e expectativas, o economista Marcos Lisboa avaliou que o governo apresentou propostas modestas, algumas com falhas em sua concepção, além de promessas recorrentes que ainda não foram cumpridas, como a liberada do imposto de renda para rendas de até R$ 5 milhões.
Marcos Lisboa apontou que o sistema tributário brasileiro apresenta distorções significativas, citando como exemplos empresas com ganhos entre R$ 40 milhões e R$ 60 milhões sendo tributados em 15%, enquanto trabalhadores de maior renda enfrentam uma alíquota de 27,5%. Contudo, segundo ele, o governo tem optado por abordagens vagas em vez de enfrentar diretamente essas desigualdades.
Marcos Lisboa criticou a abordagem do governo, afirmando que as propostas apresentadas acabam diluindo problemas reais em soluções genéricas que preservam as distorções existentes. Ele destacou que, em vez de enfrentar as questões tributárias de forma estruturada e detalhada, opta-se por soluções superficiais que não resolvem as falhas do sistema.
Em relação ao corte de gastos anunciado pelo governo federal, Lisboa avaliou que a economia prevista de R$ 70 bilhões é insuficiente frente à gravidade dos desafios fiscais enfrentados pelo país.
Marcos Lisboa apontou um desequilíbrio significativo nas contas públicas, estimado em R$ 350 bilhões, como um dos principais desafios fiscais do país. Ele destacou que as medidas tomadas até agora são insuficientes para enfrentar a magnitude do problema.
Comentando sobre a alta do dólar, Lisboa afirmou que muitos investidores, incluindo fundos de pensão e previdência, tinham grandes expectativas em relação ao actual governo. Eles acreditavam que teriam um compromisso com a solidez fiscal, levando à queda dos juros e à estabilidade cambial. No entanto, segundo o economista, essas expectativas foram frustradas devido à incapacidade do governo de entregar uma política fiscal sólida e de longo prazo, resultando na perda de confiança dos mercados.
Marcos Lisboa comentou que as expectativas frustradas em relação à gestão fiscal do governo resultaram em perdas financeiras significativas para os investidores no Brasil. Ele destacou que essas perdas, descritas como "muito impressionantes", levaram a um movimento gradativo de resistência por parte dos fundos e outros investidores que antes apostavam no país.
Da redação Ponto Notícias