O setor agrícola de Minas Gerais está testemunhando uma transformação histórica. Pela primeira vez, o agronegócio superou a mineração nas exportações, um marco significativo para a economia estadual. Entre janeiro e novembro de 2024, as vendas externas do agronegócio atingiram US$ 15,7 bilhões, superando em 3% o valor do progresso pela mineração, tradicionalmente líder nas exportações do estado.
Com a aproximação da estação mais quente do ano, que começa no sábado, destaca-se a importância de incluir frutas leves e refrescantes na alimentação. Um exemplo é a melancia, cuja produção foi favorecida pela retomada das chuvas ocorrida na última sexta-feira.
Segundo o relatório divulgado nesta quinta-feira, na área atendida pela Emater/RS-Ascar em Soledade, uma colheita segue em ritmo regular, com frutos apresentando bom rendimento e qualidade. Apesar das condições climáticas específicas para a colheita, as variações extremas de temperatura, obrigatórias para o período, geram estresse nas plantas, provocando queda de flores e frutos, além de impactar a absorção de nutrientes.
Em muitas regiões, a cultura encontra-se na fase de frutificação. No entanto, o excesso de chuvas combinado com temperaturas mais baixas tem causado prejuízos no desenvolvimento das plantas, embora a safra não tenha sido comprometida até o momento. Na região de Santa Maria, a comercialização da melancia em São Vicente do Sul já está em andamento, com as atividades apresentando resultados esmagadores em termos de produtividade.
O plantio da soja avançou significativamente, alcançando 94% da área estimada pela Emater/RS-Ascar, que corresponde a 6.811.344 hectares. A produção média projetada é de 3,179 kg por hectare. A maioria das plantações encontra-se em desenvolvimento vegetativo (98%), enquanto 2% já estão em fase de recuperação. Na Metade Sul, ainda restam áreas extensas para a semeadura, onde fatores como excesso de chuva ou falta de água não só dificultam o progresso, especialmente em terrenos menores e em áreas que sucedem culturas como milho e tabaco.
De maneira geral, as lavouras estão apresentando boas condições de germinação, densidade de plantas e desenvolvimento vegetativo. O porte das plantas varia conforme a época de plantio, com as mais recentes exibindo trifólios bem formados e folhas totalmente expandidas e mais desenvolvidas do que nas semanas anteriores. As semaduras feitas no final de outubro e início de novembro já mostram entrelinhas totalmente fechadas e uma área foliar que cobre completamente o solo. As atividades mais antigas estão recebendo aplicações preventivas de fungicidas, com foco principal no controle da ferrugem-asiática, utilizando produtos de maior eficácia e potencial de proteção.
Na região atendida pela Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, o clima contribuiu para a boa saúde das plantas de cebola e para o aumento no tamanho dos bulbos. A colheita das variedades tardias, especialmente do grupo Crioula, avançou significativamente. No entanto, os agricultores têm coletado que o baixo calibre dos bulbos está impactando o potencial de produção da cultura. Parte da produção de variedades precoces, que já foi colhida, está sendo armazenada com o objetivo de garantir preços mais vantajosos no futuro.
Na região de Pelotas, sob a supervisão da Emater/RS-Ascar, os cultivos de tomate estão em diferentes estágios, desde o transplante até a fase que antecede a colheita, prevista para começar em breve. A cultura apresenta um desenvolvimento esmagador, com boas condições de sanidade das plantas.
As condições climáticas, com chuvas frequentes, diminuíram as atividades de implantação de pastagens anuais de verão devido à alta umidade do solo. O campo nativo tem mostrado bom desenvolvimento, favorecido pelas temperaturas elevadas e pela umidade, com destaque para a presença de leguminosas adequadas em diversas áreas. Nas regiões onde as chuvas foram mais intensas, as pastagens retomaram seu crescimento, oferecendo uma boa disponibilidade de pastagens anuais, perenes e nativas.
Na área de Erechim, sob a supervisão da Emater/RS-Ascar, a renovação da água nos açúcares ocorre em níveis superiores ao habitual. A comercialização de peixes, especialmente carpa e tilápia, segue ativa em algumas propriedades e peixes-pagues, com os preços variando de acordo com o tamanho e a espécie dos peixes.
Na região de Ijuí, os peixes estão se desenvolvendo de maneira excelente, beneficiados pela melhoria na qualidade da água, resultando na redução de sedimentos e no aumento de fitoplâncton e zooplâncton. As condições de temperatura e os níveis ideais de oxigênio distribuído estão favorecendo o rápido crescimento dos peixes.
Os alevinos foram liberados e a despesca de tilápia teve início. No entanto, as propriedades com sistemas extensivos e semi-extensivos enfrentam dificuldades, como a necessidade de limpeza dos açudes e melhorias nos manejos. As condições climáticas favoreceram o crescimento nos açudes, e os aeradores foram utilizados durante os períodos críticos. A despesca foi realizada para suprir a demanda do mercado interno, sem que houvesse variação nos preços do pescado.
O agronegócio representa, até novembro, cerca de 40,7% do total das exportações de Minas Gerais, com um crescimento de 19% na receita e 9% no volume exportado. Esse desempenho reflete o sucesso das tarefas, que somaram 16 milhões de toneladas de produtos, em comparação com o ano anterior. Já a mineração respondeu por 37,7% das exportações, com 14,5 milhões de toneladas embarcadas.
A diversidade de produtos no agronegócio tem sido um fator determinante para esse sucesso. Embora o café, a carne bovina e os produtos do complexo sucroalcooleiro continuem a ser os principais responsáveis pela alta nas exportações, novos itens têm conquistado mercados internacionais, como sementes, queijos, batatas preparadas e água de coco, ampliando ainda mais o alcance do setor.
Essa evolução no agronegócio reflete o esforço constante dos produtores em diversificar a produção e aumentar a competitividade, frente aos desafios do mercado global. A superação da mineração nas exportações é um indicativo claro de força do setor agrícola mineiro, que deve continuar a desempenhar um papel crucial na economia do estado, com perspectivas de crescimento ainda mais promissoras para os próximos anos.
Da redação Ponto Notícias