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O golpe Tabajara

Os supostos “armamentos” usados ​​pelos golpistas, incluindo itens como bíblias, bolas de gude e estilínguas

Por: Redação Fonte: Redação
07/01/2025 às 11h00 Atualizada em 07/01/2025 às 11h22
O golpe Tabajara
Uma análise irônica e crítica sobre os “armamentos” e estratégias empregadas no chamado “Golpe Tabajara”, destacando códigos secretos, táticas diversionistas e o uso inusitado da Bíblia como possível ferramenta de articulação.

E lá se foram eles e elas a Brasília. Golpistas armados com tesourinha
de cortar unha, alicate de tirar cutícula, rabicó, celulares, muitos
celulares, bolas de gude e, dizem, até um estilingue (o que, no meu
rincão, chamam de bodoque), sem falar da arma mais traiçoeira, o batom,
que, sabe-se hoje, é material inflamável, só comparável em maldade ao
"agente laranja" usado na guerra do Vietnã. Todo esse armamento, com um
imenso poder destrutivo, era para abolir o Estado Democrático de
Direito. Pode?

Essa novela não tem prazo para acabar. Até hoje, as autoridades
constituídas ainda pelejam para compor um histórico da maquinação
golpista. É assunto que rende... Nesse ponto, é de se fazer lembrar o
uso de códigos secretos. Ou alguém tem dúvida de por que havia bíblias,
várias bíblias em posse dos golpistas?

Aliás, eram, na maioria, mulheres, as que carregavam bíblias, o que
mostra a inteligência com que foi urdido o golpe. É que as mulheres
parecem menos agressivas do que os homens - chamando menos a atenção
nesse aspecto. Uma tal astúcia - numa linguagem mais ou menos técnica -
é qualificada como "tática diversionista", usada nesse caso para
engrupir as autoridades, coisa de gente treinada em golpe.

Aqui, um esclarecimento oportuno. Quem nunca leu nada sobre guerras,
sublevações nem escaramuças revolucionárias não imagina que, às vezes,
livros são usados como chaves de códigos secretos. O romance Rebecca, de
Daphne du Maurier, por exemplo, serviu de chave do código usado por um
agente nazista (um espião cruel) no Egito durante a II guerra, fato bem
descrito por Ken Follett num de seus famosos romances.

No caso do Golpe Tabajara - esse nome há de ficar para a história (com a
licença do Caceta & Planeta) -, o livro era a Bíblia. Não sei não...
Estilingue, bíblia... Isso faz lembrar aquela passagem bíblica em que
Davi usou uma funda para derrotar Golias com uma pedrada. Só que, por
aqui, Golias confiscou o estilingue e... Agora Davi está mal na foto.

Bem, não nos atrevemos a especular a respeito do código secreto, seja
porque isso requer um preparo profissional que este cronista não tem,
seja para não correr o risco de dizer qualquer coisa que possa
prejudicar a investigação das autoridades constituídas.

Fato é que todo o armamento supracitado lá estava, no dia fatídico, para
o fim de perpetrar um golpe de Estado.

Agora, ninguém pode se queixar do governo, não! Olhem que o governo até
que foi bonzinho oferecendo um belo adjutório à defesa dos golpistas...
"Como assim?", pergunta o/a profe. Ué, não viu na imprensa? Ora, o
governo agiu depressa e tratou de apagar as imagens das câmeras de
segurança do Planalto, as quais (é óbvio) serviriam de prova para
revelar quem (e como!) executou tudo aquilo.

Se o governo não agisse depressa e não apagasse as imagens, impedindo
que se espalhassem sobretudo nas redes sociais, muita gente, hoje ilesa,
estaria ferrada. E o mundo inteiro já saberia rigorosamente tudo, em
detalhes, o que aconteceu e como aconteceu naquele dia - vale dizer, em
8 de janeiro de 2023. E o repúdio das pessoas honestas (que já é muito
grande) seria ainda maior.

Entrementes, até agora não se sabe (e talvez nunca se venha a saber)
quem foi o agente que, hábil em manipular o "efeito manada", realizou a
missão de desencadear o quebra-quebra.


Da redação Ponto Notícias l Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.

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