O Partido dos Trabalhadores (PT) designou quatro membros para marcar presença na cerimônia de posse do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que inicia seu novo mandato nesta sexta-feira, 10, em meio a alegações de fraude nas eleições presidenciais do ano passado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por não participar do evento, após solicitar documentos oficiais que confirmem o resultado da eleição.
Apesar das críticas da oposição ao governo, o Brasil enviou um representante à posse de Nicolás Maduro. A embaixadora brasileira em Caracas, Gilvânia Maria de Oliveira, participou da cerimônia a convite do Planalto.
Após as eleições venezuelanas, marcadas por alegações de fraude e a declaração de vitória de Nicolás Maduro sobre o opositor Edmundo González, o presidente Lula se uniu a uma coalizão internacional para pressionar o regime de Maduro a divulgar as atas eleitorais. No entanto, o governo venezuelano rejeitou a exigência de transparência e reagiu com ataques ao governo brasileiro.
Entre os membros do Partido dos Trabalhadores (PT) presentes à cerimônia, estavam o historiador Valter Pomar e a psicóloga Monica Valente. Ambos ocupam a função de secretários-executivos no Foro de São Paulo, uma organização formada por partidos e entidades de esquerda da América Latina e Caribe. O Foro foi fundado por Lula e pelo ex-presidente cubano Fidel Castro, em 1990.
Os outros dois membros do PT presentes à posse foram Camila Moreno, que teve um papel de destaque na coordenação do Ministério da Educação durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, e Vera Lúcia Barbosa, ex-secretária de Movimentos Populares do partido.
Em uma publicação no perfil do Foro de São Paulo no X (antigo Twitter), membros da comitiva do PT aparecem em uma foto ao lado de representantes de outros grupos participantes, com a bandeira do partido de Lula visível ao fundo. O diretório nacional do PT, ao ser solicitado para comentar sobre o envio da comitiva à Venezuela, não forneceu uma resposta aos contatos.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também enviou uma comitiva de cinco representantes para participar da posse de Maduro. Desde o polêmico anúncio da vitória de Maduro pelo regime venezuelano, o MST tem demonstrado apoio público ao líder chavista. Entre os integrantes do movimento que estão em Caracas, destaca-se João Pedro Stédile, líder do MST.
Em uma publicação no site oficial do MST, o movimento acusou Edmundo González de ter se encontrado com os presidentes Joe Biden (Estados Unidos), Javier Milei (Argentina) e Lacalle Pou (Uruguai) com o objetivo de "demonstrar força política para tentar um golpe no país".
O MST afirmou que, nas semanas anteriores à posse, movimentos populares latino-americanos têm se mobilizado em defesa de Nicolás Maduro. A oposição de extrema direita, segundo o movimento, não apenas afirmou que interviria na cerimônia, mas também estava buscando apoio de outros governos para pressionar contra Maduro.
O PT e o MST estiveram presentes no "Festival Mundial Internacional Antifascista" em Caracas, um evento patrocinado pelo Foro de São Paulo. Durante o festival, uma das atividades foi uma motociata com apoiadores de Nicolás Maduro, na qual os integrantes do MST marcaram presença.
Embora tenha decidido não comparecer à posse de Nicolás Maduro, o presidente Lula reconheceu a autoridade do líder venezuelano sobre o país. Embora tenha sido desaconselhado a enviar representantes de alto escalão, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, Lula deu permissão para que a embaixadora brasileira na Venezuela participasse da cerimônia.
A estratégia do governo brasileiro foi enviar uma mensagem diplomática, contestando a legitimidade da eleição, mas mantendo uma postura de relação fria com a Venezuela. A participação da embaixadora Gilvânia, no entanto, é vista como um indicativo de que Lula reconhece a autoridade de fato de Maduro, apesar das controvérsias em torno do pleito.
Da redação Ponto Notícias