Na segunda-feira (20), Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos, sendo oficialmente inaugurado como o 47º líder do país. Durante seu pronunciamento de posse, Trump delineou suas intenções de implementar mudanças significativas e rápidas na administração do país. "A nova era próspera da nação começa agora", afirmou o presidente, após ele e o vice-presidente JD Vance prestarem juramento, em uma cerimônia realizada na Rotunda do Capitólio.
O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos pode ter implicações significativas para o Brasil, especialmente no que se refere aos investimentos. Suas políticas econômicas, que incluem desde tarifas comerciais até a redução de regulamentações em diversos setores, apresentam tanto oportunidades quanto desafios para os investidores brasileiros. Enquanto alguns podem se beneficiar de um ambiente de negócios mais liberalizado, outros podem enfrentar incertezas e riscos associados às mudanças nas relações comerciais e às estratégias adotadas pelo governo dos EUA.
Uma das principais preocupações associadas ao retorno de Trump ao poder é o risco de uma guerra comercial, especialmente entre os Estados Unidos e a China. Isso pode resultar na redução dos fluxos financeiros para economias emergentes, como o Brasil. Empresas brasileiras podem ser impactadas de forma direta, por meio de tarifas de importação, ou de forma indireta, caso a desaceleração da economia chinesa leve a uma diminuição nas trocas comerciais entre os dois países. Considerando que China e Estados Unidos são grandes parceiros comerciais do Brasil, as consequências de um cenário de tensões comerciais podem afetar significativamente a economia brasileira.
Para os investidores, o retorno de Trump à presidência dos Estados Unidos pode resultar em um dólar mais forte, o que, por sua vez, pode gerar uma pressão adicional sobre a inflação no Brasil. De acordo com uma pesquisa, mais de 83% dos gestores acreditam que essa situação terá um impacto significativo na economia brasileira. A previsão de inflação para o final deste ano, que anteriormente era de 5%, subiu para 5,08%. Além disso, o dólar, que tem permanecido em torno dos R$ 6, deve continuar nesse patamar, refletindo a volatilidade e os desafios econômicos enfrentados pelo país.
Diante desse cenário, o Itaú divulgou um relatório alertando que a taxa Selic pode chegar a 15,75% ao ano até o final do primeiro semestre deste ano, uma revisão em relação à previsão anterior de 15%. O Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou a possibilidade de dois aumentos nas taxas de juros nas duas primeiras reuniões do colegiado em 2025. Caso essas mudanças ocorram como esperado, a taxa, atualmente em 12,25%, pode atingir 14,75% ao ano, a menos que surjam surpresas que alterem o rumo da política monetária.
No Brasil, de acordo com os gestores, as empresas dos setores de petróleo e gás, mineração e papel e celulose devem se beneficiar com a desvalorização do real e o dólar mais forte. Assim, as ações dessas commodities devem ser monitoradas de perto, pois podem apresentar um bom desempenho. Apesar das mudanças nos Estados Unidos, no cenário interno, a renda fixa continua sendo vista como uma opção sólida para investimentos em 2025.
Entre 13 de novembro e 18 de dezembro de 2024, foi realizado um levantamento com 24 gestores de 19 corretoras situadas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Esses especialistas altamente qualificados gerenciam um total de R$ 1,826 trilhão em recursos de investidores. Dentro das gestoras, eles desempenham funções de gestores de portfólio de ações, gestores de carteiras/hedge funds e traders.
A pesquisa foi conduzida com os participantes respondendo a cinco alternativas possíveis: 1- discorda totalmente; 2- discorda parcialmente; 3- não discorda, nem concorda; 4- concorda parcialmente; e 5- concorda totalmente. As respostas foram fornecidas de forma anônima. Os profissionais que participaram da pesquisa atuam nas seguintes gestoras: 3R Investimentos, Bresser Asset, Caixa Asset, Cardinal Partners, CPPIB (Canada Pension Plan Investment Board), Fact Investments, Itaú Asset, Kinea, Kilima, MAPFRE Investimentos, Milestones, Moat Capital, Monte Bravo, MoS Capital, Sarpen Quant Investments, SFA Investimentos, Tenax Capital, Trilha Investimentos e Vivest.
Da redação Ponto Notícias l Brasília