Entre julho de 2019 e julho de 2024, os valores das propriedades agrícolas no Brasil experimentaram um aumento significativo, com um crescimento de 113%. O custo médio por hectare passou de R$ 14.818,10 para R$ 31.609,87. Essa análise foi realizada por uma consultoria especializada, que avaliou as regiões mais produtivas do país. A valorização das terras é atribuída, principalmente, aos preços elevados dos produtos agrícolas registrados em 2020.
Antes da pandemia, havia um acesso mais fácil ao crédito, o que favoreceu a compra de terras. Com a chegada desse período, no entanto, a dinâmica mudou. A oferta e demanda internacional se ajustaram, especialmente para produtos como soja e milho, o que provocou uma alta nos preços. Além disso, o câmbio também contribuiu para essa valorização, tornando as commodities mais caras no mercado global. Segundo Felipe Fabbri, analista da consultoria responsável pelo estudo, esses fatores foram cruciais para a aceleração dos preços.
Ele cita como exemplo o preço da soja, que na época superou os R$ 200 por saca. Com os valores das propriedades agrícolas atrelados ao preço das commodities, essa valorização das terras ocorreu de maneira proporcional, ou até em maior escala. A alta nos preços das commodities refletiu diretamente no aumento do valor das terras, ampliando ainda mais a valorização no setor.
Nos últimos cinco anos analisados pela pesquisa, as terras destinadas à pecuária também registraram crescimento, com um aumento de 116% no valor médio do hectare. Rondônia foi o estado que mais se destacou, com uma valorização de até 300%, chegando a R$ 23 mil por hectare. Outros estados da fronteira agrícola do Matopiba, como Maranhão e Piauí, tiveram uma valorização de 200% nesse período. O crescimento nas regiões Norte e Centro-Oeste está relacionado à alta nos preços das terras nas áreas mais caras do Sul e Sudeste, o que tem incentivado os investidores a buscar alternativas nessas novas fronteiras agrícolas.
Apesar da dificuldade de comercialização e liquidez, as terras agrícolas continuam sendo um dos investimentos mais seguros no Brasil, com grande procura esperada para os próximos anos. Embora o crescimento da demanda seja notável, especialistas afirmam que há a possibilidade de aumentar a produção utilizando áreas já existentes, sem necessidade de expansão territorial, dado o crescente foco em sustentabilidade no país.
Da redação Ponto Notícias l Victor Faverin - João Nogueira