O governo federal atribui a divulgação de informações enganosas sobre o sistema de pagamentos como um dos principais motivos para a redução na aceitação do presidente, segundo dados recentes. Além disso, o aumento nos custos de itens básicos tem sido apontado como um fator que influencia negativamente a percepção pública.
De acordo com a pesquisa divulgada, o índice de insatisfação com a gestão presidencial subiu, ultrapassando pela primeira vez a aprovação desde o início do atual mandato. Os números destacam uma inversão na tendência registrada anteriormente, refletindo o impacto das questões econômicas e das polêmicas recentes.
O índice de desaprovação da gestão federal apresentou crescimento em relação ao último levantamento, enquanto a percepção favorável sofreu uma leve redução. Esses dados refletem um momento de desafios para o governo, em meio a um cenário econômico desfavorável e declarações polêmicas que repercutiram negativamente tanto no mercado quanto entre os internautas.
A coleta de dados ocorreu em um período crítico, marcado por notícias econômicas preocupantes e pela repercussão de falas de autoridades, fatores que contribuíram para aumentar as tensões e influenciaram a percepção pública captada pela pesquisa.
Dentro do governo, acredita-se que o episódio relacionado ao Pix tenha sido um dos maiores responsáveis pelos danos à imagem presidencial. A falsa informação de que o governo planejava cobrar impostos sobre transações superiores a R$ 5 mil gerou grande preocupação entre os brasileiros e abalou a confiança no sistema de pagamentos, afetando um dos meios de transferência mais usados no país.
Embora a desinformação sobre o Pix tenha impactado os números de popularidade, fontes do Planalto indicam que a queda na aceitação do governo também pode ser atribuída a outros fatores, como o aumento nos preços dos alimentos, que já vinha gerando desconforto entre a população antes do episódio. Esses elementos, somados, contribuíram para o desgaste da gestão, refletido na pesquisa da Quaest.
Ao assumir o cargo de ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira destacou a inflação dos alimentos e a disseminação de desinformações nas redes sociais como desafios centrais para a comunicação do governo. Para lidar com isso, o presidente Lula orientou sua equipe a buscar soluções rápidas para reduzir os custos alimentares, uma preocupação crescente entre a população.
No entanto, em uma reunião ministerial, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, fez declarações que acabaram gerando mais desconfiança no mercado. Ao falar sobre "intervenções" para controlar os preços dos alimentos, ele despertou temores de que o governo pudesse adotar medidas econômicas radicais, como o tabelamento de preços ou a taxação de exportações, o que intensificou ainda mais as tensões em torno da política econômica.
Após a repercussão negativa de suas palavras sobre "intervenções", o ministro Rui Costa precisou esclarecer seu posicionamento e corrigir a terminologia, sugerindo que fosse usada a palavra "medidas" no lugar de "intervenções". No entanto, outro episódio, ocorrido na última sexta-feira, também gerou controvérsias. Ao anunciar uma redução nas taxas de importação para alimentos com preços mais baixos no mercado internacional, Rui Costa sugeriu que os brasileiros substituíssem a laranja por frutas "mais baratas", já que o preço da fruta estava similar dentro e fora do país.
A declaração provocou duras críticas da oposição e intensificou o desgaste do governo, encerrando um período de más notícias pouco antes da divulgação dos resultados da pesquisa Quaest, que refletiu o impacto desses eventos na imagem da gestão.
Membros da base governista de Lula veem as recentes quedas na popularidade do presidente como consequência das falhas na comunicação do governo. Omar Aziz, provável líder do PSD no Senado, acredita que o resultado da pesquisa Quaest reflete um momento específico e um erro na transmissão de informações, como o episódio envolvendo a falsa notícia sobre a taxação do Pix. Ele considera que o governo tem potencial para melhorar sua aprovação, mas precisa aprimorar a forma de dialogar com diferentes segmentos da sociedade.
Jorge Kajuru, vice-líder do governo no Senado, concorda que a comunicação falhou, mas é otimista quanto a mudanças com a chegada de Sidônio Palmeira à Secretaria de Comunicação Social (Secom). Kajuru destaca a experiência de Sidônio na campanha presidencial e acredita que a integração da comunicação do governo com os parlamentares da base trará resultados positivos rapidamente. Ele também vê o apoio de Jaques Wagner como um fator importante para a melhoria na comunicação.
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho, criticou as ações do governo Lula, apontando que elas estão desalinhadas com as preocupações da população. Segundo Marinho, a perda do poder de compra e a agenda governamental desconectada da realidade atual têm gerado crescente rejeição ao governo, com a sensação de que o PT ainda está lidando com questões da década de 1980. Ele também fez uma referência direta à insatisfação dos mais pobres, que sentem que promessas feitas durante a campanha, como o acesso a produtos como picanha e cerveja, não foram cumpridas.
Da redação Ponto Notícias l Brasília