A especialista da instituição de pesquisa agropecuária voltada ao bioma do Centro-Oeste participa do programa CB.Agro desta edição. A conversa será conduzida por duas jornalistas, que abordarão temas relevantes do setor.
Os aspectos positivos de uma semente típica do Cerrado foram o foco da entrevista com uma especialista em agronomia da Embrapa Cerrados. Durante a conversa com as jornalistas, ela ressaltou os esforços para ampliar o conhecimento e o consumo desse produto regional.
A especialista da Embrapa Cerrados esclareceu que a planta em questão faz parte do grupo das leguminosas, também chamadas de fabáceas pelos estudiosos. Segundo ela, é comum que haja confusão com uma palmeira, levando muitos a chamarem seu fruto de “coquinho”, embora esteja mais próxima de cultivos como feijão e soja.
Helenice Gonçalves destacou que, assim como outras castanhas conhecidas, o baru é reconhecido como a castanha do Cerrado, sendo uma excelente fonte de proteínas. Ela apontou que, com o crescente interesse por alimentos ricos em proteínas, o baru tem se consolidado como uma opção nutritiva para muitas pessoas.
Helenice explicou que o fruto do baru é totalmente aproveitável, com a castanha sendo a parte mais consumida, mas a polpa também está sendo estudada e utilizada em diversos produtos alimentícios, como bolos, farinhas e até macarrão. Ela mencionou que algumas cidades, como Alto Paraíso de Goiás e algumas no Tocantins, já incluíram o baru na alimentação escolar.
Helenice destacou que, atualmente, quase 100% dos frutos de baru vêm do extrativismo, realizado de forma sustentável pelas comunidades locais, com o apoio de cooperativas e associações. Ela também mencionou que, para quem deseja investir no cultivo da planta, as pesquisas de universidades e instituições como a Embrapa indicam o plantio consorciado com outras culturas, evitando o monocultivo. Ela citou como exemplos os Sistemas Agroflorestais (SAFs) e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que promovem maior equilíbrio ambiental e produtividade.
A pesquisadora enfatizou que na Embrapa Cerrados há um projeto de plantio onde o baru é cultivado juntamente com outras culturas como café, feijão, mandioca e até abacaxi. Essa abordagem permite que o produtor obtenha renda enquanto o baru, uma planta perene, ainda não começa a produzir. Helenice também destacou que, devido ao longo ciclo produtivo do baru, estão sendo desenvolvidas técnicas como clonagem, alporquia e enxertia, com o objetivo de acelerar o tempo de produção, assim como já é feito com o pequi. Isso permitirá um retorno financeiro mais rápido para os produtores e fortalecerá a produção de baru de forma sustentável.
Helenice Gonçalves ressaltou que a pesquisa contínua e as inovações na forma de cultivo são essenciais para garantir a sustentabilidade e o aumento da produção do baru, permitindo que ele se torne uma fonte de renda estável para os produtores do Cerrado. Além disso, ela mencionou a importância de integrar o cultivo do baru com outras culturas, como o café e a mandioca, para garantir que os agricultores obtenham retorno financeiro enquanto aguardam o ciclo longo de produção dessa árvore.
A pesquisadora concluiu destacando que a Embrapa Cerrados continuará desenvolvendo técnicas de manejo e reprodução, como clonagem e enxertia, para acelerar a produção do baru. Esse avanço visa fortalecer a cadeia produtiva de uma maneira sustentável e oferecer uma alternativa viável para pequenos e grandes produtores no Cerrado, promovendo o uso da castanha em diversos produtos alimentícios e ampliando seu mercado consumidor.
Da redação Ponto Notícias l Embrapa Cerrados