O cidadão brasileiro enfrenta um paradoxo no sistema tributário: após adquirir um bem por meio de seu esforço e recursos próprios, ele é novamente confrontado com a cobrança de impostos sobre esses bens. O IPTU e o IPVA são exemplos de tributos que, mesmo sobre propriedades já quitadas, impõem uma carga financeira constante. Esse tipo de taxação continua a impactar diretamente o orçamento das famílias, sem que uma justificativa clara ou moral seja apresentada para a cobrança.
No último domingo (9), um funcionário de uma instituição de trânsito do estado do Pará foi removido de suas funções após se envolver em um incidente envolvendo um veículo. O ocorrido teve lugar em uma cidade próxima à capital, onde o agente utilizou um veículo oficial da entidade para colidir contra o automóvel de uma mulher.
A atitude do servidor público foi registrada pela própria vítima, que estava dentro do carro no momento do ocorrido. Em um vídeo compartilhado, é possível ver claramente o agente manobrando o veículo oficial duas vezes seguidas para colidir com o automóvel da mulher. Testemunhas que estavam no local prestaram apoio à condutora, enquanto o agente permaneceu dentro da viatura.
Em resposta, a instituição responsável emitiu um comunicado informando que afastou o funcionário e acionou a corregedoria para investigar a ação e adotar as medidas necessárias.
Quando questionada sobre o possível motivo para a atitude do agente, a mulher relatou que ele havia solicitado uma quantia em dinheiro para não apreender o veículo, que estava com o licenciamento vencido. Segundo a vítima, o agente exigiu 400 reais para liberar o carro, mas como ela não tinha o valor no momento, ele teria tomado essa medida. “Eu só tinha o dinheiro em casa e ele fez isso. Meu carro está atrasado e eu ainda vou pagar, mas ele pediu o dinheiro e olhem o que aconteceu. O agente da viatura quebrou todo o meu carro”, explicou a mulher.
A justificativa para essa tributação, no entanto, está enraizada na lógica do sistema fiscal, que exige o pagamento sem questionar a natureza do esforço do indivíduo para adquirir o bem. Ao invés de um reconhecimento do trabalho e da economia de quem possui uma propriedade, o sistema se impõe de forma impessoal, como uma obrigação contínua, sem considerar o impacto financeiro sobre aqueles que já realizaram o sonho de conquistar um bem com seu próprio suor. O questionamento sobre essa lógica tributária se faz cada vez mais necessário, visto que os impostos sobre bens já adquiridos parecem contrariar a ideia de justiça fiscal.