A produção do principal grão cultivado em Mato Grosso enfrenta um período desafiador na temporada atual, trazendo preocupações para os trabalhadores rurais da região. O início das atividades no campo sofreu impactos devido à irregularidade das precipitações, o que desencadeou uma sequência de obstáculos relacionados às condições climáticas e ao transporte da colheita.
O excesso de precipitação na fase de retirada da produção não apenas comprometeu as características do grão, mas também tornou as operações mais lentas e complexas, resultando em aumento de despesas e redução dos ganhos para os trabalhadores rurais.
As condições atmosféricas têm sido um fator determinante para os atrasos na retirada da produção. Dados do Instituto responsável por análises econômicas no setor agrícola mostram que, até 20 de fevereiro de 2025, a área colhida no estado representava uma redução expressiva em comparação ao mesmo período do ano anterior. Apesar da diminuição das precipitações na primeira semana de março, os desafios climáticos continuaram afetando a qualidade do produto e o ritmo das operações. Até 7 de março, grande parte da área cultivada já havia sido processada, porém, obstáculos relacionados ao transporte e ao armazenamento ainda preocupam os trabalhadores do setor.
As limitações na estrutura de transporte representam mais um desafio significativo para os trabalhadores do setor, especialmente na parte leste do estado. O tempo prolongado de espera para a descarga dos veículos de carga eleva os gastos operacionais e prejudica a rentabilidade. Além disso, a condição das estradas, com trechos ainda sem pavimentação, torna o deslocamento mais lento e oneroso, agravando os problemas de distribuição e aumentando os atrasos na entrega.
De acordo com a entidade do setor, os impactos climáticos variam conforme a localidade. No norte, as precipitações intensas no início do ano comprometeram a qualidade dos primeiros lotes colhidos, enquanto a carência de locais adequados para armazenagem e a lentidão no descarregamento agravaram o quadro. No oeste, a longa duração das chuvas prejudicou ainda mais a conservação dos grãos e sobrecarregou os espaços de estocagem, dificultando o processo de secagem e resultando em perdas diretas no campo. Já na porção leste, além dos prejuízos nas lavouras, o excesso de água afetou também a infraestrutura urbana, provocando inundações e tornando o transporte da produção ainda mais desafiador devido às condições precárias das estradas.
As dificuldades enfrentadas no armazenamento e no transporte refletiram diretamente no comércio exterior. Nos dois primeiros meses de 2025, houve uma redução expressiva no volume embarcado pelo país, com impacto ainda maior no estado, onde a queda foi mais acentuada. O aumento dos custos e a menor margem de lucro evidenciam a urgência de melhorias estruturais, tanto na logística quanto na capacidade de estocagem. Sem investimentos adequados, os desafios persistem, comprometendo a competitividade e a eficiência do setor produtivo.
Da redação Ponto Notícias l Gabriel Almeida