O governo Lula acaba de anunciar, até que enfim, o seu primeiro grande
investimento público do ano. É um alívio. Já estava demorando, e como o
presidente nos instrui a cada quinze minutos nas suas epístolas para
plateias do PT, nada é tão importante nesta vida quanto o "gasto do
Estado". Há 40 anos ele garante que vamos ficar todos ricos com a
distribuição de dinheiro do Tesouro Nacional, e que não há outra maneira
de resolver qualquer problema da humanidade, num arco universal que vai
do preço do ovo à cura da cirrose de fígado. É pena que ainda não vai
ser desta vez que você vai receber a sua parte.
É preciso se conformar com a escala de prioridades do governo Lula, e
neste preciso momento, mais uma vez, ele tem certeza de que a prioridade
não é você, nem o preço do ovo e nem a cirrose de fígado. "Pobres",
então, nem pensar. Já são louvados o tempo todo nos discursos de Lula.
Já têm a esmola do Bolsa Família. Já têm a esmola para os estudantes do
" Pé-de-Meia". Será que não chega? Está na hora de todos eles
pensarem um pouco mais "na nação" e um pouco menos nos seus
interesses pessoais. Neste momento, o governo tem de "alocar
recursos" a "políticas públicas" mais urgentes.
O resultado é esse primeiro grande "investimento público" que Lula
vai fazer em 2025: o presidente, Janja e a sua esquadrilha de
estrategistas decidiram que a melhor coisa que o governo pode fazer no
momento é gastar, até dezembro, R$ 3 bilhões em propaganda do governo. O
sistema oficial de saúde não tem dinheiro para comprar uma dose de
insulina, e sabe lá Deus o que mais. Mas eles acharam uma grande ideia
gastar os R$ 3 bilhões não em insulina, ou em qualquer coisa útil, mas
naquilo que o governo faz de mais inútil: elogiar a si mesmo gastando
dinheiro do pagador de impostos.
Lembre-se, na próxima vez que for encher o tanque do seu carro, ou
acender a luz de casa, que uma parte da despesa vai ser transferida
direto do seu bolso para o bolso de Lula e daí, no fim das contas, para
o bolso dos que vão realmente ficar com essa montanha de dinheiro. É uma
safadeza, em qualquer circunstância. Você já ouviu falar, alguma vez na
sua vida, que que os governos da França, ou da Alemanha, ou dos Estados
Unidos, gastaram R$ 3 bilhões com publicidade oficial? Tenha dó, diria o
ministro Alexandre de Moraes.
Nas condições atuais de temperatura e pressão, porém, a
delinquência-raiz se transforma em deboche. Qualquer dos países acima,
se a insânia da propaganda oficial fosse aceita por ali, com certeza
teria, pelo menos, alguma coisa para mostrar - uma nova ponte,
digamos. Aqui as pontes caem. O governo Lula, por exemplo, tem hoje uma
ponte a menos, no mínimo, do que tinha quando começou - a que desabou
no Rio Tocantins. Pois então: o governo vai torrar R$ 3 bilhões do
Erário em anúncios das suas obras, mas não tem obras, e o que vão lhe
mostrar é relógio suíço fabricado em Pedro Juan Caballero.
A lista de quem vai anunciar e de quanto cada um vai gastar é uma peça
de comédia. Acredite se quiser, mas até o antigo Instituto de Pesos e
Medidas, hoje sob a marca Inmetro, entrou na festa: vai detonar 40
milhões em propaganda. Propaganda do quê? Vão dizer que o metro passou a
ter 110 centímetros? Lula teria feito alguma melhoria no litro? É muito
desespero para atacar a rapadura. Mas o desastre neste investimento
público é do tipo PT-Perda Total. Não sobra pedra sobre pedra.
Os Correios, por exemplo, vão gastar até o fim do ano R$ 380 milhões em
publicidade. De novo: vão anunciar o que? Em 2024 os Correios fecharam o
ano com um prejuízo superior a R$ 3 bilhões, depois de dar lucro até
Lula ser declarado presidente. Esse ano, só em janeiro, já perderam mais
de R$ 400 milhões. Qual seria a sua nova "estratégia de
comunicação"? Vão anunciar que superaram as suas metas e estão
rompendo novos patamares de prejuízo? O Banco do Brasil, sozinho, vai
gastar outros R$ 750 milhões. Para que? Estão precisando de mais
clientes? É daí para baixo.
Da redação Ponto Notícias l Por J.R. Guzzo