O uso de vegetação específica para proteção do solo tem se expandido no cenário agrícola nacional, sendo uma espécie forrageira amplamente adotada pelos trabalhadores do campo. Veja no vídeo a seguir mais informações sobre o estudo realizado.
De acordo com uma pesquisa conduzida por uma unidade da Embrapa, a maioria dos participantes relatou já utilizar essa prática em suas terras. O objetivo principal é aprimorar as condições do solo, garantir melhor retenção de água e promover ganhos na produção.
A pesquisa apontou que a maior adesão a essa técnica ocorre entre produtores de menor escala, que combinam o uso dessas espécies com a criação de animais, maximizando os benefícios para a pastagem.
Além disso, muitos agricultores que ainda não adotaram essa estratégia mostram intenção de aplicá-la futuramente, evidenciando a expansão desse método no setor agrícola do país.
A pesquisa envolveu 300 produtores para avaliar os fatores que influenciam a adoção dessa técnica. Os resultados indicaram que metade dos entrevistados já a utiliza há mais de cinco anos, enquanto 30% a incorporaram há mais de uma década.
Entre as espécies mais empregadas, destacam-se a braquiária ruziziensis (57%) e o milheto (54%), seguidos pelo nabo-forrageiro (37%). Além disso, a integração com culturas comerciais como milho e soja reforça a consolidação dessa estratégia, inspirada em modelos já difundidos internacionalmente.
Os entrevistados ressaltaram que a oferta de sementes em quantidade e qualidade apropriadas, assim como o acesso a informações sobre as espécies mais indicadas, são aspectos essenciais para a expansão do uso dessa técnica.
O estudo também identificou que 40% dos produtores aproveitam essas áreas para pastejo, principalmente com espécies como a braquiária, fortalecendo sistemas integrados entre lavoura e pecuária. Além disso, uma parcela menor utiliza a biomassa para produção de silagem (7%) e feno (2%).
Outro ponto relevante é que 70% dos agricultores optam pela compra de sementes para plantio, enquanto 34% produzem seu próprio material, demonstrando o potencial de crescimento desse segmento no mercado agrícola.
Os agricultores que já utilizam essa técnica apontam vantagens significativas para a produção e a sustentabilidade das lavouras. Entre os principais benefícios, destacam-se a melhora na estrutura do solo, proporcionando maior retenção de umidade e reduzindo a compactação, o que favorece o desenvolvimento das raízes.
Além disso, a incorporação de matéria orgânica contribui para o aumento da fertilidade e durabilidade do solo, tornando-o mais produtivo ao longo do tempo. Esse fator é fundamental para a manutenção da rentabilidade das propriedades rurais.
Outro ponto essencial é a proteção contra erosão, aliada à melhoria na circulação de água e ar no solo. Esses aspectos favorecem o crescimento saudável das culturas comerciais, resultando em colheitas mais uniformes e produtivas.
O levantamento também avaliou as características das propriedades envolvidas no estudo, identificando quais regiões possuem maior adesão a essa prática. Minas Gerais se destacou como o estado com maior participação, seguido por Paraná, São Paulo e Goiás, mostrando um panorama diverso da implementação dessa tecnologia.
Para o pesquisador Marcelo Ayres, responsável pelo estudo, o resultado foi inesperado, uma vez que se projetava uma maior adoção nos estados do Centro-Oeste, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde a integração entre lavoura e pecuária tem ganhado força. Esse dado sugere que a expansão dessa técnica pode estar ocorrendo de maneira descentralizada, atingindo diferentes perfis de produtores.
Essas informações reforçam a importância de continuar promovendo a disseminação de conhecimento e o acesso a sementes de qualidade, permitindo que mais agricultores possam adotar a prática e ampliar seus benefícios para o solo e a produtividade das lavouras.
A pesquisa também revelou detalhes sobre o suporte técnico disponível para os produtores que utilizam plantas de cobertura. Grande parte dos entrevistados afirmou contar com consultores particulares ou equipes técnicas próprias, garantindo um acompanhamento especializado para a implementação dessa prática.
Outro grupo destacou o apoio recebido por meio de empresas de insumos agrícolas, que fornecem orientações sobre o manejo adequado das espécies utilizadas. No entanto, um dado preocupante apontado pelo estudo é que 21% dos participantes relataram não contar com nenhum tipo de assistência técnica, o que pode impactar a eficácia da adoção dessa tecnologia no campo.
Essa informação reforça a necessidade de ampliar o acesso a suporte técnico qualificado, permitindo que um maior número de produtores possa otimizar os benefícios das plantas de cobertura e melhorar a produtividade agrícola de maneira sustentável.
O estudo integra uma iniciativa voltada para a redução do uso de fertilizantes químicos, incentivando alternativas naturais como leguminosas e outras espécies vegetais capazes de enriquecer o solo. A pesquisa teve como foco compreender a disseminação dessa prática no país e identificar maneiras de ampliar sua adoção entre os produtores rurais.
De acordo com os responsáveis pelo levantamento, os dados coletados serão fundamentais para embasar políticas públicas e nortear novos estudos sobre o tema. Além disso, os resultados permitirão o desenvolvimento de ações educativas e de capacitação, facilitando o acesso dos agricultores a tecnologias sustentáveis.
Com a crescente preocupação em melhorar a eficiência produtiva sem comprometer a saúde do solo, iniciativas como essa ganham importância estratégica, contribuindo para um modelo agrícola mais equilibrado e menos dependente de insumos químicos.
Da redação Ponto Notícias l Com informação Fábio Moitinho