A reformulação dos produtos da Colgate tem sido alvo de reclamações por parte dos usuários, que mencionam efeitos adversos após a utilização. Foram relatadas ocorrências de irritações e outras reações após o contato com a nova composição. As mudanças foram aplicadas na linha anteriormente conhecida como ‘Total 12’, agora comercializada sob o nome ‘Proteção Ativa’. A situação está sob análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Colgate recebeu mais de mil reclamações na plataforma ReclameAqui, com consumidores relatando reações alérgicas após utilizarem os cremes dentais reformulados. A alteração na fórmula aconteceu no final de 2024, com o lançamento da nova linha em novembro. Na ocasião, a empresa destacou em seu material publicitário que a mudança visava oferecer a "melhor fórmula da história para prevenção de doenças bucais". Em seus anúncios, a Colgate afirmou que sua nova fórmula superior destrói as bactérias e cria uma barreira de proteção por até 24 horas, evitando o retorno das mesmas.
A principal mudança na composição dos cremes dentais da Colgate envolveu a substituição do fluoreto de sódio pelo fluoreto de estanho. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou entre 1º de janeiro e 19 de março de 2025, oito notificações e 13 casos relacionados ao uso do novo produto. A agência classificou esses episódios como "eventos adversos" associados ao uso dos cremes dentais da marca, que passaram por alterações em sua formulação recentemente.
Os sintomas mais comuns mencionados pelos consumidores incluem inchaço nas amígdalas, lábios e mucosa oral, além de sensação de queimação, ardência e sensibilidade nas gengivas, surgimento de aftas e vermelhidão nos lábios. A advogada e influenciadora Luiza Guimarães foi uma das pessoas que enfrentaram problemas após o uso do produto. Ela relatou que desenvolveu ferimentos na boca, os quais começaram a melhorar somente após interromper o uso do creme dental.
“E o pior é que você nunca vai imaginar que é uma pasta de dente que está te dando alergia, principalmente porque é uma que a gente sempre usa, usou a vida inteira”, declarou ela, em um storie publicado no perfil @ocasaldebh, nesta segunda-feira (24), para mais de 1 milhão de seguidores. “Quando eu ia escovar dente, me dava até vontade de chorar, e é a pasta de dente, pensa bem. Que absurdo!”, criticou a advogada ao mostrar feridas na língua e na gengiva.
Quem também enfrentou problemas foi o estudante Pedro Maciel, de 25 anos. Em janeiro, ele notou o surgimento de dezenas de aftas na gengiva, nos lábios e ferimentos na língua. “Eu nunca tive tantas aftas na boca, foram mais de 50, sem nenhum exagero, e várias ao mesmo tempo. Isso durou quase um mês, fui em quatro médicos e nenhum soube dar um diagnóstico, suspeitaram de estomatite e candidíase e me passaram remédios para tratar os sintomas”, contou ele, que parou de usar o creme dental após os episódios.
Pedro também relatou que o incômodo o impediu de se alimentar adequadamente por quase uma semana, devido às dores e lesões na boca. “Tudo que eu comia era gelado, um sorvete, açaí e até mesmo uma sopa eu não aguentava comer quente”, completou. A reportagem entrou em contato com a Colgate, mas a assessoria de imprensa da empresa não foi encontrada para comentar o assunto. O espaço segue aberto.
Nas redes sociais, a marca tem respondido às queixas dos consumidores. A Colgate, por meio de seu perfil no X (@BrasilColgate), declarou: “Sentimos muito por ouvir sobre isso e agradecemos por nos informar. Gostaríamos de acompanhar e entender mais sobre sua experiência - você poderia, por favor, nos enviar seu número de telefone e e-mail via mensagem privada para que possamos entrar em contato?”.
A reportagem também procurou o Conselho Federal de Odontologia (CFO), que, em nota, informou não ter recebido reclamações relacionadas ao uso do produto. "O CFO está aguardando informações da empresa fabricante para que possa se manifestar. O Conselho reforça o compromisso com a proteção integral da saúde bucal da população", afirmou.
O risco que a mudança na fórmula do creme dental apresenta à população brasileira é alarmante, principalmente quando consideramos o uso diário e frequente do produto por milhões de pessoas. A média de consumo de creme dental é de pelo menos quatro vezes ao dia, o que aumenta a exposição contínua aos ingredientes da fórmula alterada. Com tantas pessoas usando esse produto como parte da higiene básica, qualquer alteração que cause reações alérgicas ou inflamatórias pode afetar uma grande parcela da população, comprometendo a saúde bucal de quem não está ciente dos potenciais danos.
Além disso, considerando que a Colgate é uma marca amplamente acessível e presente na maioria dos lares brasileiros, a mudança na formulação pode representar um perigo significativo para aqueles que não têm condições de comprar outros produtos, ou sequer perceber os efeitos adversos. Os consumidores, confiando na segurança de um produto tradicionalmente conhecido, podem estar expostos a riscos sem saber, o que torna o caso ainda mais grave, exigindo uma ação rápida e transparente por parte da empresa e das autoridades responsáveis.
Da redação Ponto Notícias l ANVISA