Empreendimentos que buscam integrar crescimento econômico com práticas voltadas à preservação ambiental e ao fortalecimento social de comunidades tradicionais estão se tornando cada vez mais presentes na região da Amazônia Legal. Entre os setores em destaque nesse cenário, estão iniciativas voltadas ao aproveitamento responsável da biodiversidade, ao reaproveitamento de materiais descartados e às experiências turísticas conduzidas por moradores locais.

Esse movimento ganhou evidência durante a segunda edição do Lab de Impacto, iniciativa do Impact Hub Manaus voltada a impulsionar projetos com foco em transformação positiva. O programa atraiu 150 propostas vindas de todos os nove estados que compõem a Amazônia Legal, demonstrando o interesse crescente por soluções alinhadas ao equilíbrio entre progresso e sustentabilidade.

A maior parte das propostas recebidas pelo programa veio do Amazonas, responsável por mais da metade das inscrições, com 77 iniciativas. Em seguida, aparece o Pará, com 29 propostas submetidas. O perfil dos participantes revela uma ampla variedade de contextos: enquanto 90 dos negócios têm atuação em centros urbanos, outros 15 se desenvolvem em áreas rurais e 13 operam dentro de Reservas de Desenvolvimento Sustentável.

A diversidade também está presente na composição dos grupos proponentes, com 84 das iniciativas conduzidas por mulheres e pessoas pardas, sinalizando avanços na inclusão dentro do ambiente voltado à inovação. Quanto às áreas de atuação, 24 projetos estão ligados ao aproveitamento de recursos da sociobiodiversidade; 14 têm foco em reaproveitamento de resíduos, educação ambiental e tecnologias com baixo impacto ecológico; 13 desenvolvem ações voltadas ao uso consciente das florestas e do solo; e 11 atuam no setor alimentar.

Segundo Marcus Bessa, cofundador do Impact Hub Manaus, os números revelam a presença de múltiplas realidades entre os participantes, com propostas vindas de diferentes partes da Amazônia. Essa variedade é considerada essencial, uma vez que cada território apresenta particularidades próprias, tanto nos obstáculos quanto nas possibilidades de crescimento.

Ele ressalta que a capacidade de inovação deve caminhar junto à escuta atenta das comunidades amazônicas, pois é essa conexão que permite criar soluções verdadeiramente adequadas às necessidades locais, contribuindo de forma efetiva para um desenvolvimento que respeite e valorize o contexto regional.

A maioria das propostas foi registrada como negócios de impacto, totalizando 89 iniciativas, enquanto 34 foram classificadas como startups. No que diz respeito ao estágio de desenvolvimento, 104 empreendimentos afirmam estar na etapa inicial, com produtos e serviços prontos para serem lançados ou em fase de mínima viabilidade, enquanto 46 se encontram testando suas soluções em versões mais estruturadas.

Em relação aos ganhos financeiros, os dados indicam que a maior parte desses negócios ainda opera com faturamento reduzido: 128 registram receitas mensais de até R$ 50 mil. Um grupo menor, de 13 empreendimentos, já alcança uma faixa superior, com receitas mensais entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.

As informações mais recentes confirmam dados levantados anteriormente pelo próprio Impact Hub Manaus, em pesquisa de 2021. Naquele levantamento, foi identificado que quase metade dos empreendimentos buscavam recursos para crescer, e mais da metade apontava que aportes de até R$ 100 mil poderiam fazer diferença significativa para avançarem no mercado.

Para responder a essa demanda, a nova edição do programa prevê um investimento total que pode chegar a R$ 600 mil. A iniciativa inclui apoio financeiro inicial, formação técnica, orientação com especialistas e oportunidades de integração em redes de impacto. O processo segue agora para a etapa de triagem e definição dos projetos que seguirão no programa, com previsão de divulgação dos escolhidos no mês seguinte.

Da redação Ponto Notícias l Emanuelle Araujo Melo de Campos