Sábado, 26 de Abril de 2025
23°C 32°C
Palmas, TO
Publicidade

Produtor rural enfrenta abandono: Plano Safra perde força e deixa campo vulnerável

Com falta de seguro, escassez de crédito e discurso distante da realidade, agricultores brasileiros com mais promessas do que soluções

Por: Redação Fonte: Redação
14/04/2025 às 08h00
Produtor rural enfrenta abandono: Plano Safra perde força e deixa campo vulnerável
Pequeno produtor observa lavoura em meio à seca, símbolo das dificuldades enfrentadas no campo diante da ausência de apoio efetivo

O processo de construção do próximo ciclo de apoio ao setor agropecuário tem avançado de forma lenta, em meio a restrições financeiras, metas ecológicas pouco harmônicas entre si e incertezas quanto à confiança nas diretrizes atuais voltadas ao campo. A administração federal lida com um desafio crescente: garantir recursos acessíveis e minimamente viáveis aos trabalhadores do campo, mesmo sem reservas financeiras adequadas ou diretrizes definidas.

A dificuldade não se resume apenas à compensação das taxas aplicadas. Um dos grandes obstáculos está na ausência de recursos para garantir o seguro da atividade agropecuária, considerado um elemento-chave diante do crescimento dos fenômenos climáticos severos. Sem essa salvaguarda, o grau de exposição ao prejuízo cresce, afastando instituições financeiras.

Como consequência, a oferta de crédito tende a encolher, os custos aumentam e os trabalhadores rurais enfrentam maior vulnerabilidade. Esse ciclo compromete não apenas o planejamento das próximas safras, mas também a segurança alimentar e a sustentabilidade econômica no campo.

Continua após a publicidade

Ao mesmo tempo, os valores assegurados por meio do Proagro diminuem progressivamente. Com a desvalorização dos produtos agrícolas e a redução dos lucros, os bens oferecidos como garantia perdem força na hora de captar financiamento.

Esse cenário afeta de maneira mais severa agricultores de menor porte, que contam com apoio estatal para manter suas atividades. Sem instrumentos robustos de amparo, essa parcela do setor produtivo se vê cada vez mais limitada para investir e se proteger das incertezas do mercado.

Mesmo diante das dificuldades estruturais, a administração federal continua a direcionar o setor para mecanismos de financiamento ligados ao mercado financeiro, com ênfase em propostas alinhadas a pautas ambientais que, muitas vezes, não refletem as condições enfrentadas no cotidiano rural.

Continua após a publicidade

Embora alternativas baseadas em instrumentos do mercado possam contribuir como complemento, elas não substituem políticas públicas sólidas. A dependência excessiva desse modelo compromete a estabilidade de uma área fundamental para a economia nacional, responsável por uma fração significativa da geração de riquezas do país.

O cenário atual aponta para um abandono gradual das ferramentas que garantiam alguma previsibilidade ao produtor. Sem respaldo efetivo do Estado, o campo fica vulnerável às intempéries do clima e do mercado, enquanto discursos sofisticados tentam mascarar a fragilidade crescente da política agrícola.

O Plano Safra, que por décadas foi símbolo de parceria entre governo e setor produtivo, corre o risco de se tornar apenas uma vitrine internacional. Mais do que agradar investidores estrangeiros, ele precisa retomar sua função original: servir ao produtor que, com trabalho diário, sustenta boa parte da economia nacional.

O campo brasileiro, que por décadas sustentou a economia mesmo em tempos de crise, agora clama por atenção verdadeira. A ausência de mecanismos básicos, como o seguro rural, revela não apenas a fragilidade do planejamento, mas o distanciamento entre quem formula as diretrizes e quem lida com a terra todos os dias. É incoerente exigir eficiência do produtor sem oferecer as condições mínimas para que ele enfrente um cenário cada vez mais instável e competitivo.

É hora de reverter a lógica de empurrar responsabilidades para o mercado e resgatar o papel do Estado como garantidor da produção agrícola. O Plano Safra 2025/2026 deve deixar de ser peça de marketing ambiental e retomar sua essência como política pública robusta, centrada no produtor e nos desafios reais do agro brasileiro. Sem isso, o país corre o risco de perder não apenas safras, mas sua própria segurança alimentar.

Da redação Ponto Notícias l Com info. Texto Miguel Daoud

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Lenium - Criar site de notícias