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Como os Pássaros Conseguem Prever Tempestades: O Fascinante Comportamento de Espécies Antecipando Furacões

Estudos comprovam que algumas aves ajustam seus ciclos de vida com base em sinais climáticos, e podem até prever furacões, superando modelos computacionais.

Por: Redação Fonte: Redação
22/04/2025 às 15h00
Como os Pássaros Conseguem Prever Tempestades: O Fascinante Comportamento de Espécies Antecipando Furacões
Pássaros, como o sabiazinho-norte-americano, mostram uma incrível habilidade de ajustar seus ciclos migratórios para escapar de tempestades e furacões.

Diversos relatos apontam que certas aves demonstram comportamentos incomuns antes de alterações climáticas, especialmente em momentos que antecedem a chegada de tempestades. Essas atitudes curiosas — como a interrupção abrupta do canto, o abandono repentino de áreas abertas ou mesmo a busca imediata por refúgio — intrigam observadores da natureza e cientistas há décadas.

Sem depender de previsões meteorológicas ou sinais visíveis no céu, esses animais alados parecem captar variações quase imperceptíveis no ambiente, como alterações na pressão atmosférica, mudanças no campo magnético ou mesmo vibrações sonoras que escapam à percepção humana. Essas reações instintivas os ajudam a se proteger de eventos adversos, sugerindo que sua sensibilidade natural é muito mais apurada do que normalmente se imagina.

Estudiosos suspeitam que esses animais percebem pistas ambientais que ainda escapam à total compreensão científica. Essa capacidade de antecipar mudanças no tempo já foi registrada em diferentes habitats e entre diversas espécies, o que reforça a hipótese de que existe um mecanismo natural de alerta extremamente eficiente.

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Durante uma análise conduzida há mais de uma década, um grupo de especialistas observou comportamentos inesperados em pequenas aves conhecidas por sua coloração viva e canto característico. Esses indivíduos, que normalmente permanecem fixos em suas áreas de reprodução, surpreenderam ao se afastar repentinamente, mesmo sem sinais visíveis de instabilidade climática iminente.

No mês de abril de 2014, uma tempestade de grandes proporções afetou as regiões centrais e sul dos Estados Unidos, justamente durante a temporada de acasalamento das aves da região. Esse fenômeno climático gerou uma reação inesperada nas mariquitas d'asa amarela, que, pela primeira vez, exibiram um comportamento migratório fora do comum durante um período crítico de sua reprodução.

Esses pássaros, conhecidos por sua fidelidade às suas áreas de nidificação, surpreenderam os pesquisadores ao se deslocarem por mais de 1.500 quilômetros, buscando refúgio de um clima severo que se aproximava. Após a passagem da tempestade, as aves retornaram às suas localidades habituais, como documentado por cientistas na publicação “Current Biology”.

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Os pássaros demonstraram uma habilidade notável ao abandonar seus ninhos antes mesmo de sinais evidentes de mudanças climáticas serem detectados pelos seres humanos. Eles partiram em direção a locais mais seguros enquanto as tempestades ainda estavam a centenas de quilômetros de distância, algo que intrigou os especialistas. Isso ocorreu mesmo antes que variações na pressão do ar, na temperatura ou nos ventos fossem registradas, aspectos que normalmente indicam a aproximação de um fenômeno climático.

Interessantemente, enquanto meteorologistas estavam apenas começando a analisar a possível trajetória da tempestade, as aves já estavam em movimento. Uma parte do grupo seguiu para o sul da Flórida, enquanto uma delas fez uma jornada ainda mais impressionante até Cuba. Embora os pesquisadores não tenham uma explicação definitiva sobre como os pássaros detectam tais eventos, a hipótese mais provável é que eles utilizem infrassom, uma forma de onda sonora de baixa frequência que os humanos não conseguem perceber, mas que pode ser detectada pelos animais.

O infrassom refere-se a ondas sonoras com frequências abaixo de 20 Hz, que estão além da capacidade auditiva humana. Embora os humanos não consigam ouvir essas ondas, diversos animais, como elefantes e baleias, utilizam o infrassom para se comunicar entre si. Além disso, esse tipo de onda sonora é gerado por fenômenos naturais como tornados, erupções vulcânicas e até mesmo pelas ondas do mar ao se quebrarem nas costas.

Existem indícios de que algumas aves, como o albatroz-errante, empregam o infrassom para se orientar durante seus voos, sugerindo que outras espécies, incluindo as que demonstram habilidade de prever mudanças climáticas, possam também utilizá-lo. A detecção de infrassom poderia explicar como certos pássaros conseguem antecipar a chegada de tempestades, mesmo quando esses eventos climáticos ainda não são perceptíveis aos humanos.

Em um estudo de 2019 publicado na Scientific Reports, cientistas descobriram que o sabiazinho-norte-americano (Catharus fuscescens) tem uma capacidade surpreendente de prever a intensidade das temporadas de furacões no Atlântico, superando até mesmo os modelos computacionais usados pelos meteorologistas. O ornitólogo Christopher Heckscher, responsável pela pesquisa, passou duas décadas observando o comportamento das aves e notou que, em anos em que os furacões se mostravam mais fortes, essas aves alteravam seus ciclos de reprodução, encerrando-os mais cedo e migrando antes do esperado.

Em 2018, Heckscher aplicou esse padrão de comportamento para prever uma temporada de furacões mais intensa do que o usual, e, surpreendentemente, as aves estavam corretas. Esse estudo levanta a questão de como os pássaros, com sua habilidade intuitiva, podem detectar mudanças no clima e se antecipar a eventos extremos de forma mais precisa do que os sistemas científicos atuais.

A teoria é de que os sabiazinhos-norte-americanos detectam sinais climáticos em seus locais de inverno na América do Sul, possivelmente relacionados a fenômenos como o El Niño, que impactam a formação de furacões no Atlântico. Esse comportamento instintivo permite que os pássaros ajustem seus ciclos migratórios, garantindo que possam evitar tempestades perigosas em regiões como o Caribe e o Golfo do México.

No entanto, com o agravamento das mudanças climáticas e o aumento da intensidade dos furacões, os cientistas estão preocupados que essa habilidade evolutiva dos sabiazinhos não seja mais suficiente para protegê-los no futuro. O aumento das temperaturas globais e a imprevisibilidade dos padrões climáticos podem representar um desafio adicional para a sobrevivência das aves em seu processo migratório.

O estudo sobre o comportamento dos Ele observou que certas espécies, como o sabiazinho-norte-americano, têm a capacidade de antecipar furacões e ajustar seus ciclos migratórios de acordo com sinais climáticos. Esse fenômeno foi documentado em estudos como o publicado em 2019 na revista Scientific Reports.

Da redação Ponto Notícias l Com inf. Adelina Lima

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