A Polícia Federal efetuou nesta quinta-feira a prisão de um fazendeiro condenado a 105 anos de reclusão por envolvimento direto na morte de cinco trabalhadores rurais. O crime ocorreu em 1985, quando os trabalhadores ocupavam a Fazenda Princesa, localizada em Marabá, no sudeste do Pará. Quase quatro décadas após o ocorrido, a ação das autoridades federais representa um desfecho judicial para um dos episódios de violência no campo que marcou a história da luta por terra na região amazônica.
O mandado de prisão foi cumprido em decorrência da condenação proferida em 2015 pela Justiça do Pará, que atribuiu responsabilidade criminal a três envolvidos: Marlon Pidde, Lourival Santos da Rocha e José Gomes de Souza. Todos foram sentenciados a penas superiores a 100 anos de prisão, sendo apontados como os autores intelectuais e executores do assassinato coletivo. A condenação se baseou em provas que apontaram que os crimes foram motivados pela resistência armada contra a ocupação da propriedade rural, em meio a tensões fundiárias que persistem no país.
As investigações da Polícia Federal revelaram que os cinco trabalhadores rurais foram vítimas de extrema violência: amarrados, torturados e queimados vivos pelos pistoleiros contratados pelos três condenados. Após a brutalidade, os corpos das vítimas foram lançados em um rio próximo, com pedras amarradas a fim de impedir que fossem encontrados. O crime chocou a região à época e ganhou notoriedade como símbolo da impunidade em conflitos agrários no Brasil.
A localização do fazendeiro foragido se deu após articulação entre diferentes esferas institucionais. A Polícia Federal atuou a partir de um pedido formal feito pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), em conjunto com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A cooperação internacional reforçou a busca por justiça e o cumprimento das penas, mesmo após décadas da ocorrência do crime.
O fazendeiro condenado foi localizado e preso na cidade de São Paulo (SP), conforme informou a Polícia Federal. Após a captura, ele foi conduzido à superintendência da PF no estado, onde permanecerá sob custódia, aguardando os trâmites legais para ser transferido ao Pará. A medida visa garantir o cumprimento da pena imposta pela Justiça paraense, após anos de impunidade.
A prisão de Marlon Pidde representa um passo importante no enfrentamento à impunidade por crimes cometidos no contexto de conflitos agrários no Brasil. Quase quatro décadas após a brutal chacina, o cumprimento da pena reforça o compromisso das instituições com a justiça e os direitos humanos, especialmente em casos emblemáticos de violência no campo.
O caso também destaca a importância da cooperação internacional e do trabalho conjunto entre órgãos nacionais e entidades como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A atuação integrada possibilitou a localização e prisão do condenado, encerrando uma longa fuga e dando uma resposta às famílias das vítimas e à sociedade.
Da redação Ponto Notícias l Marabá