A conclusão da primeira fase da Operação Via Avaritia revela um esquema de corrupção de grandes proporções que envolveu o desvio de mais de R$ 10 milhões dos cofres públicos. A investigação, iniciada em 2019, apontou a participação de políticos, empresários e servidores públicos em fraudes relacionadas a contratos superfaturados para obras e serviços do governo estadual. Entre os alvos estão o ex-governador e outros ex-secretários de Estado, além de diversos funcionários públicos, que utilizaram empresas de fachada e outros meios fraudulentos para ocultar o destino dos recursos.
As autoridades responsáveis por apurações criminais finalizaram, nesta terça-feira, o primeiro ciclo de um inquérito iniciado em 2019, voltado à análise de práticas ilícitas ligadas à gestão estadual. O caso envolve suspeitas de que antigos integrantes do alto escalão do governo tenham participado de desvios expressivos de recursos, ultrapassando os dez milhões de reais, por meio de acordos irregulares. Ao todo, 26 indivíduos foram formalmente apontados na investigação, incluindo um ex-chefe do Executivo estadual.
Segundo os responsáveis pela apuração, foram identificadas práticas ilegais envolvendo o uso indevido de verbas originalmente destinadas à execução de projetos estruturais, além de manipulações em processos de contratação, recebimento de vantagens indevidas, ocultação de origem de valores e articulações organizadas para fins ilícitos. As suspeitas recaem sobre figuras com atuação no setor público, empresários e outros envolvidos. Há elementos que apontam a possível participação direta do ex-mandatário estadual, de quatro antigos ocupantes de cargos de alto escalão e de sete funcionários vinculados a diferentes repartições da administração estadual, que teriam colaborado para a concretização das irregularidades.
Os valores que teriam sido desviados, ultrapassando os dez milhões de reais, seriam provenientes de um acordo formalizado para a manutenção de propriedades públicas, mas acabaram retornando aos próprios envolvidos no esquema por meio de empresas de fachada, criadas para esconder a verdadeira origem dos recursos. O esquema não se limitou ao Tocantins, estendendo-se também a outros estados como o Distrito Federal, Goiás e Santa Catarina. Além disso, foi identificado que os responsáveis tentaram obstruir as investigações, utilizando as estruturas do governo para dificultar a ação das autoridades, o que resultou em uma nova operação, conduzida pela Polícia Federal, chamada "Édris".
Durante a investigação, foi revelado que os envolvidos no esquema criminoso ignoraram alertas e desrespeitaram as orientações de órgãos responsáveis pelo controle financeiro, persistindo com um contrato manipulado para obter lucros excessivos. Mesmo após o início da Operação Via Avaritia, o grupo continuou avançando com autorizações de pagamentos ilegais. Na época, uma equipe foi criada para monitorar e equilibrar os gastos públicos, mas, conforme apontado pela polícia, suas ações foram desviadas de sua finalidade original, servindo, na prática, para fortalecer o esquema de corrupção.
As irregularidades começaram já na fase inicial dos processos licitatórios, com a execução do contrato de maneira indevida, seguido por manipulação dos valores e lavagem de dinheiro. Foram detectados também saques em dinheiro vivo, contratos fraudulentos e transferências disfarçadas, compondo o que os investigadores chamaram de "ciclo completo de corrupção". Além disso, foi descoberto que um dos membros do grupo utilizou parte dos recursos ilícitos para custear a matrícula de sua filha em um curso de Medicina em uma instituição privada, evidenciando a utilização pessoal e direta dos fundos públicos desviados.
No momento em que a primeira fase da operação foi iniciada, em 2019, o grupo já estava dando continuidade a outra etapa de um processo licitatório, com um valor estimado em bilhões de reais. No entanto, a intervenção policial evitou que a totalidade desse montante fosse desviado. Com a finalização das investigações, os resultados da primeira fase serão encaminhados ao sistema judiciário para que as medidas cabíveis sejam tomadas.
Da redação Ponto Notícias l Com inf. G1