Um equipamento desenvolvido por uma universidade norte-americana produziu uma emissão luminosa de curtíssima duração com uma intensidade extremamente alta, considerada a mais poderosa já alcançada em seu país. Esse avanço representa um marco na área da física e pode possibilitar novos experimentos e aplicações em diferentes campos da ciência. O disparo, com duração incrivelmente pequena, superou todos os registros anteriores em termos de força concentrada em um único feixe de luz.
Um sistema a laser desenvolvido pela Universidade de Michigan atingiu um nível de potência nunca antes registrado nos Estados Unidos, com uma capacidade equivalente a dois quatrilhões de watts. Esse avanço estabelece um novo patamar para a investigação em física de campos intensos no país. De acordo com o professor Karl Krushelnick, que lidera um centro especializado em ciência óptica ultrarrápida, essa conquista possibilita a realização de experimentos que ainda não foram explorados.
O equipamento funciona emitindo pulsos extremamente breves, medidos em quintilhões de segundo. Apesar dessa duração extremamente reduzida, a energia concentrada nesses pulsos é suficiente para viabilizar pesquisas em diversas áreas, como medicina, defesa, desenvolvimento de materiais, física das partículas e estudos astronômicos.
A instalação que abriga o sistema tem dimensões semelhantes às de um ginásio escolar e é protegida por paredes de concreto espessas, projetadas para impedir a saída de radiação.
O equipamento ZEUS representa uma evolução significativa em relação ao seu predecessor, o laser HERCULES, que alcançava uma potência máxima de 300 terawatts. Com sua capacidade de dois petawatts, o ZEUS quase dobra o desempenho dos modelos anteriores.
No interior da estrutura, há uma célula de gás alongada, preenchida com hélio. Quando o pulso de laser interage com esse gás, é gerado um plasma contendo elétrons livres. Esses elétrons são acelerados a velocidades excepcionais através de uma técnica chamada aceleração por campo de esteira.
A decisão de usar um alvo menor, porém mais extenso, possibilita que os elétrons permaneçam por mais tempo no caminho do feixe, alcançando assim velocidades nunca antes registradas.
Ainda neste ano, a meta é provocar uma colisão direta entre elétrons acelerados e um pulso laser oposto, com potência aumentada para três petawatts. Esse encontro de alta energia permitirá simular interações em uma escala ainda maior, equivalente a zettawatts, o que inspira o nome do equipamento.
O desenvolvimento conta com apoio financeiro da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos (NSF) e está acessível a cientistas de todo o país. O primeiro experimento conduzido por usuários será coordenado pela equipe do professor Franklin Dollar, da Universidade da Califórnia.
O objetivo dessa pesquisa é criar feixes com energia comparável à de aceleradores de partículas tradicionais, que geralmente ocupam centenas de metros. Espera-se alcançar resultados de cinco a dez vezes superiores aos obtidos anteriormente.
Durante seu doutorado, Dollar utilizou um sistema similar para capturar imagens detalhadas de uma libélula, comprovando a capacidade de gerar pulsos de raios X com características semelhantes às de lasers. Esses pulsos permitem a obtenção de imagens de alta qualidade com baixa exposição, especialmente úteis para visualizar tecidos delicados.
Segundo Vyacheslav Lukin, que lidera o programa da NSF responsável pelo projeto, as investigações realizadas com o equipamento possuem diversas aplicações relevantes. Entre elas, destacam-se novas técnicas para obtenção de imagens e avanços tecnológicos voltados para o tratamento do câncer e outras enfermidades.
O ZEUS envolve um aporte financeiro de 16 milhões de dólares, valor que simboliza não apenas um investimento econômico, mas também uma aposta significativa no progresso científico, com potencial para influenciar várias áreas do saber e beneficiar a sociedade de forma ampla.
Embora o avanço tecnológico representado pelo sistema ZEUS seja impressionante e traga promessas para a ciência e a medicina, é fundamental manter uma análise crítica sobre os possíveis impactos geopolíticos dessa capacidade. O desenvolvimento de tecnologias de altíssima potência pode gerar preocupações relacionadas à segurança global, especialmente se essas inovações forem aplicadas em contextos militares ou estratégicos.
Além disso, o aumento do poder tecnológico em determinadas nações pode intensificar tensões internacionais e contribuir para a corrida armamentista, elevando o risco de conflitos em diferentes escalas. Por isso, é importante que o avanço científico seja acompanhado de debates transparentes e políticas responsáveis que busquem minimizar possíveis efeitos adversos para a estabilidade mundial.
Da redação Ponto Notícias l Ciência e Tecnologia