A edição mais recente ao embarcar numa fascinante jornada pelo estado do Tocantins, explorando um dos seus destinos naturais mais emblemáticos: o Jalapão. Neste episódio, a narrativa destaca a exuberância da região, revelando cenários de tirar o fôlego e a riqueza cultural presente nas comunidades locais.
Um dos pontos altos é a visita à Cachoeira do Formiga, famosa por suas águas cristalinas de tonalidade turquesa e por sua profundidade que chega a três metros. Mais do que uma simples paisagem, a cachoeira oferece uma experiência singular: a possibilidade de mergulhar em uma espécie de piscina natural em meio ao cerrado, o que encanta tanto turistas quanto moradores da região. Situada no coração do Parque Estadual do Jalapão, essa queda d’água é uma das atrações mais visitadas e admiradas da área, simbolizando a beleza natural e a diversidade ecológica que o Jalapão abriga.
A jornada pelo Jalapão, apresenta a Comunidade Mumbuca, um lugar carregado de história, tradição e resistência cultural. Localizada a poucos quilômetros da Cachoeira do Formiga, a comunidade reúne cerca de 165 moradores, em sua maioria descendentes de escravos, que mantêm viva uma prática artesanal ancestral.
A Comunidade Mumbuca é especialmente reconhecida pela produção do capim-dourado, um material natural raro e delicado, que se transforma em peças de artesanato únicas e valiosas. Essa tradição artesanal, transmitida de geração em geração, reflete não apenas a criatividade dos moradores, mas também sua força e determinação em preservar suas raízes culturais. Na pequena loja local, cada objeto carrega consigo histórias de superação, identidade e conexão profunda com a terra e a cultura do Jalapão.
A música ganha destaque especial na Comunidade Mumbuca, onde a emblemática viola do buriti ocupa um lugar central na cultura local. Esse instrumento único é confeccionado artesanalmente a partir da palmeira buriti, típica da região do Jalapão.
Mais do que um objeto musical, a viola do buriti é um símbolo sonoro da história, da identidade e da resistência do povo da comunidade. Por meio de suas cordas, a música ecoa histórias de luta, tradição e celebração, traduzindo em arte e poesia a profunda relação que esses moradores têm com a natureza ao seu redor. Essa conexão entre som e natureza fortalece a preservação cultural e emociona todos que visitam a região.
No coração da Comunidade Mumbuca, um espaço especial se destaca: a casa da ‘Doutora’ Noemi Ribeiro. Reconhecida como a grande guardiã dos saberes medicinais tradicionais da região, Noemi dedica sua vida a transformar plantas e raízes do cerrado em remédios naturais que cuidam tanto do corpo quanto da alma.
Seu quintal é uma verdadeira farmácia a céu aberto, repleto de ervas e plantas utilizadas para o preparo de chás e tratamentos que vão desde simples gripes até picadas de cobra. Todo esse conhecimento é fruto de uma tradição ancestral, passada de geração em geração, que mantém viva a sabedoria dos povos do Jalapão e reforça a importância da conexão entre homem e natureza para a saúde e o bem-estar.
Desde a infância, a ‘Doutora’ Noemi Ribeiro já mostrava seu dom especial. Aos nove anos, ela surpreendeu a família ao curar o pai com um chá de alfavaca, marcando o início de sua jornada como guardiã dos saberes medicinais do cerrado.
Ao longo dos anos, Noemi tem se dedicado não apenas a preparar remédios naturais, mas também a ensinar sua comunidade, atuando com fé, empatia e um profundo respeito pela natureza. Sua casa vai além de um espaço físico de cura — é um elo vivo entre passado e presente, onde a tradição se mantém pulsante e celebrada diariamente, fortalecendo a identidade cultural da Comunidade Mumbuca e inspirando todos que a conhecem.
Da redação Ponto Notícias l Com Informação R7