O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou o financiamento de R$ 77,6 milhões para um projeto inovador de silvicultura com espécies nativas na região sul da Bahia. A iniciativa será apoiada por meio da linha Fundo Clima – modalidade Florestas Nativas e Recursos Hídricos – e representa um marco importante no apoio ao reflorestamento sustentável da Mata Atlântica. A região escolhida para a implantação é considerada estratégica, tanto por sua biodiversidade quanto pelo grau avançado de degradação: restam apenas 12,5% da cobertura original desse bioma.
A proposta será executada pela empresa Symbiosis Florestal S.A., especializada na produção de madeira tropical de alto valor com foco em práticas sustentáveis. O projeto prevê o plantio de 1.500 hectares de florestas produtivas compostas exclusivamente por espécies nativas da Mata Atlântica, com o objetivo de gerar uma oferta consistente de madeira tropical certificada, livre de desmatamento. A área total da operação será de 3 mil hectares, com uma composição que intercala espécies nativas (financiadas pelo BNDES) e exóticas, respeitando critérios ecológicos e econômicos para a restauração florestal.
A atividade de silvicultura nativa tem um ciclo de retorno prolongado: as árvores plantadas levam entre 12 e 36 anos para atingir o ponto de corte ideal. Ainda assim, o projeto busca não apenas viabilidade econômica, mas também ganhos ambientais e sociais significativos, como a recuperação de solos, proteção de recursos hídricos e geração de emprego rural de longo prazo.
Ao apoiar esse modelo de produção florestal, o BNDES sinaliza um compromisso com a economia de baixo carbono e com a preservação de ecossistemas nativos altamente ameaçados. Este é o primeiro financiamento do banco direcionado exclusivamente para um empreendimento de silvicultura com espécies nativas, o que pode abrir caminho para políticas públicas e investimentos semelhantes em outras regiões do país.
A inovação do projeto ao destacar o modelo de silvicultura adotado: a combinação de espécies nativas com manejo florestal contínuo. Essa abordagem permite não apenas a produção sustentável de madeira de alto valor, incluindo espécies ameaçadas de extinção, mas também amplia os benefícios ambientais. Entre eles, destacam-se a conservação da biodiversidade, a geração de créditos de carbono e a contribuição direta para a mitigação de riscos climáticos – elementos que posicionam o projeto como referência no campo da economia verde.
O apoio do BNDES, por meio do Fundo Clima, é estruturado em um financiamento de longo prazo que se adequa perfeitamente ao ciclo natural desse tipo de investimento, cujo retorno exige décadas. A iniciativa deve gerar 220 empregos diretos e indiretos ao longo das fases de implantação e operação, reforçando o compromisso com o desenvolvimento sustentável e a inclusão produtiva na região sul da Bahia. De acordo com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o projeto simboliza uma nova fronteira para a política ambiental brasileira: conciliar produção florestal, restauração ecológica e desenvolvimento econômico de forma integrada. Já para Bruno Mariani, CEO da Symbiosis, o apoio do banco permitirá escalar um modelo inédito no país, que combina viabilidade econômica, regeneração ambiental e participação social, algo urgente diante das crises climática e de biodiversidade.
O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima – conhecido como Fundo Clima – é um dos principais mecanismos financeiros da Política Nacional sobre Mudança do Clima, ligado diretamente ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Sua missão central é viabilizar o financiamento de projetos e estudos voltados à mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, contribuindo com soluções estruturantes para a transição ecológica no Brasil.
Por meio dessa iniciativa, o BNDES já destinou R$ 262 milhões para projetos florestais dentro da linha de crédito específica voltada à recuperação de florestas nativas e preservação de recursos hídricos. O financiamento à iniciativa da Symbiosis Florestal S.A. se insere nesse contexto, como o primeiro projeto do setor a ser contemplado. A ação reforça a atuação do banco como agente estratégico de desenvolvimento sustentável e evidencia a prioridade dada pelo Governo Federal à restauração da Mata Atlântica e à geração de soluções de baixo carbono com impacto social e ambiental positivo.
Da redação Ponto Notícias l Luis Roberto Toledo