Pela primeira vez nos Estados Unidos, autoridades de saúde detectaram a presença da bactéria Ehrlichia chaffeensis em um carrapato-de-chifre-longo, espécie considerada invasora no país. A descoberta foi anunciada em Connecticut, onde o micro-organismo foi identificado em um exemplar coletado no estado, marcando um alerta inédito sobre os riscos que essa espécie pode representar à saúde pública.
A bactéria é causadora da ehrlichiose monocítica humana (HME), uma doença infecciosa potencialmente grave. Os primeiros sintomas incluem febre alta súbita, calafrios, dores musculares e fadiga intensa, surgindo geralmente algumas semanas após a picada do carrapato infectado. Em casos mais severos, a infecção pode evoluir para falência renal e até levar à morte.
A descoberta surge num momento em que cresce a frequência de atividades ao ar livre com a aproximação do verão, o que aumenta o risco de exposição a carrapatos. Autoridades da Estação Experimental Agrícola de Connecticut (CAES) ressaltaram que, embora a doença já fosse conhecida em outras espécies de carrapatos, essa é a primeira vez que o carrapato-de-chifre-longo é associado à bactéria nos EUA, o que amplia o alerta sobre a vigilância entomológica e medidas preventivas.
Além da febre alta e da fadiga inicial, os sintomas da ehrlichiose monocítica humana (HME) podem evoluir para náuseas, confusão mental, insuficiência renal e complicações respiratórias nos casos mais graves. Tradicionalmente, a HME é transmitida pelo carrapato Lone Star, nativo dos Estados Unidos e amplamente presente nas regiões leste, sudeste e centro-sul do país, conforme apontam os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
O alerta recente, porém, envolve o carrapato-de-chifre-longo, uma espécie invasora originária do leste da Ásia. A confirmação de que esse carrapato é capaz de abrigar e transmitir a Ehrlichia chaffeensis representa uma preocupação significativa para as autoridades de saúde norte-americanas.
Especialistas destacam que o risco está na facilidade com que o carrapato-de-chifre-longo pode se espalhar. A espécie tem a capacidade de se reproduzir sem a presença de machos e não possui seletividade quanto aos hospedeiros, podendo se alimentar de uma ampla variedade de animais. Esses fatores aumentam as chances de disseminação rápida pela região leste dos EUA, ampliando a área de risco para a transmissão da HME.
De acordo com o Dr. Goudarz Molaei, diretor do Programa de Vigilância Passiva de Carrapatos e Doenças Transmitidas por Carrapatos da Estação Experimental Agrícola de Connecticut (CAES), o primeiro registro de um carrapato-de-chifre-longo totalmente alimentado em um ser humano ocorreu em 2018, no município de Fairfield. Já em 2020, as primeiras populações estabelecidas da espécie foram oficialmente identificadas no mesmo condado.
Desde então, o avanço do carrapato-de-chifre-longo tem sido monitorado com preocupação pelas autoridades locais. A espécie se expandiu para diversas localidades nos condados de Fairfield e New Haven. Espécimes isolados também foram encontrados em New London e em outras regiões do estado, demonstrando sua capacidade de adaptação e dispersão rápida pelo território.
As autoridades de saúde reforçam a preocupação diante da capacidade do carrapato-de-chifre-longo de expandir rapidamente sua área de distribuição geográfica nos Estados Unidos. Essa expansão amplia o risco de transmissão de diversos patógenos, que podem afetar não apenas os seres humanos, mas também animais domésticos e silvestres, representando uma ameaça significativa à saúde pública e veterinária.
Além da Ehrlichia chaffeensis, bactéria responsável pela ehrlichiose monocítica humana, o carrapato-de-chifre-longo já foi identificado como vetor de uma série de outros agentes infecciosos no país, incluindo aqueles relacionados à doença de Lyme, uma condição séria que causa sintomas debilitantes e pode evoluir para complicações crônicas se não tratada adequadamente.
Diante desse cenário, as autoridades recomendam intensificar as ações de vigilância epidemiológica e entomológica, ampliar os programas de educação para a população sobre os cuidados necessários durante atividades ao ar livre e investir em pesquisas para melhor compreender o impacto desse carrapato invasor no ecossistema local e na saúde das comunidades afetadas. A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para reduzir os riscos associados a essas infecções transmitidas por carrapatos.
Da redação Ponto Notícias l Com informação Arthur Felipe Farias