A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu, ao longo desta semana, uma série de painéis do projeto Campo Futuro, com foco na coleta e análise de dados sobre os custos de produção na pecuária de leite e de corte. As atividades foram realizadas em diferentes municípios de Santa Catarina e da Bahia, reunindo produtores rurais, técnicos especializados, representantes da indústria e comerciantes de insumos agropecuários. O objetivo central dos encontros é fornecer uma visão detalhada e atualizada sobre a viabilidade econômica das atividades pecuárias em diferentes realidades regionais.
No setor da pecuária leiteira, o levantamento considerou propriedades representativas localizadas nos municípios catarinenses de Braço do Norte, Chapecó, Treze Tílias e São Miguel do Oeste. Em Braço do Norte, foi registrado um aumento de 50 litros na produção diária de leite em comparação ao ciclo anterior, totalizando 700 litros por dia. Além disso, os dados indicaram uma margem bruta por hectare quase três vezes superior àquela obtida por propriedades arrendadas, evidenciando o impacto da gestão direta e da tecnificação sobre a rentabilidade.
Em Chapecó, destacou-se a adoção do sistema compost barn, voltado ao conforto animal e à melhoria da produtividade. Nessa região, vacas da raça holandesa alcançam uma produção média de até 1.400 litros de leite por dia. No entanto, apesar da alta produtividade, os custos operacionais ainda superam as receitas totais, apontando para um desequilíbrio financeiro que requer ajustes na gestão e maior eficiência econômica para garantir a sustentabilidade da atividade.
Em Treze Tílias, os dados levantados pelo projeto Campo Futuro revelaram uma evolução significativa no desempenho das propriedades leiteiras típicas desde 2022. A produção média diária saltou de 500 para 900 litros, um crescimento expressivo atribuído à melhoria dos sistemas de manejo, nutrição e genética do rebanho. A renda gerada pela venda do leite foi suficiente para cobrir os custos operacionais, além de garantir recursos destinados à depreciação dos equipamentos e à remuneração do produtor, configurando um cenário de maior equilíbrio econômico e viabilidade da atividade no município.
Em São Miguel do Oeste, o uso do sistema de semi-confinamento com suplementação alimentar tem sido a base da estratégia produtiva. Os resultados apontam que o modelo adotado tem permitido cobrir os desembolsos diretos da atividade e ainda assegurar uma remuneração na forma de pró-labore para o produtor. Isso reforça a importância da adoção de sistemas intermediários entre o pasto e o confinamento total, que conciliam produtividade com controle de custos.
Já no estado da Bahia, o painel foi realizado no município de Santa Rita de Cássia, com foco na pecuária de corte em sistema de cria e recria. A propriedade representativa utilizada como base para os cálculos conta com um plantel de 100 matrizes. O levantamento apontou um Custo Operacional Total de R$ 310,03 por arroba produzida, com destaque para três componentes principais: reposição de animais (51,7%), suplementação alimentar (23,6%) e mão de obra (10,45%). A receita obtida cobre apenas os gastos diretos, sem excedentes suficientes para contemplar a depreciação de equipamentos ou a remuneração do produtor, evidenciando os desafios enfrentados pelo setor na região.
Da redação Ponto Notícias l Gabriel Almeida