A reportagem relata um episódio ocorrido na Assembleia Legislativa do Estado do Piauí (Alepi), onde uma audiência pública dedicada ao tema do feminicídio foi marcada por grande esvaziamento por parte dos parlamentares. O evento, que aconteceu em uma sexta-feira, teve a ausência de 27 deputados estaduais, o que provocou indignação entre as deputadas presentes e representantes de instituições envolvidas na defesa dos direitos das mulheres.
Durante a audiência, a delegada Vilma Alves, reconhecida por sua atuação no enfrentamento da violência contra a mulher no Piauí, criticou duramente a ausência dos parlamentares. Ela destacou que esse tipo de comportamento revela um descaso com a pauta e também reflete a baixa representatividade feminina no legislativo estadual. Para a delegada, essa realidade é consequência direta das escolhas feitas pelos eleitores durante o processo eleitoral, o que contribui para a manutenção de uma estrutura de poder que pouco se compromete com temas urgentes como o feminicídio.
A matéria sinaliza que a lista com os nomes dos deputados que compareceram e dos que se ausentaram foi divulgada, apontando de forma objetiva quem participou e quem não se envolveu com o debate.
A matéria informa que, diante da ausência de 27 parlamentares na audiência sobre feminicídio, a Assembleia Legislativa do Estado do Piauí (Alepi) foi procurada para comentar o ocorrido, mas decidiu não se pronunciar oficialmente sobre o assunto. O silêncio institucional diante da ausência em uma pauta tão sensível agravou ainda mais a insatisfação entre os presentes e reforçou a percepção de descaso com o tema.
Em entrevista concedida à Rede Clube, o defensor público Marcus Vinicius Carvalho detalhou parte dos debates que ocorreram durante a audiência. Ele explicou que um dos pontos centrais discutidos foi a necessidade de expandir a Rede de Proteção à Mulher para o interior do estado. Atualmente, essa estrutura de apoio e enfrentamento à violência contra a mulher está presente em apenas quatro municípios: Teresina, Picos, São Raimundo Nonato e Floriano. A falta de cobertura em grande parte do território piauiense representa um grave obstáculo para que mulheres em situação de risco tenham acesso a serviços de acolhimento, orientação jurídica e proteção efetiva.
A ausência de tantos parlamentares, aliada à omissão da Alepi e à carência estrutural nos municípios do interior, acabou evidenciando uma falha grave na articulação política e institucional frente ao combate ao feminicídio no estado. A audiência, ainda que esvaziada, cumpriu o papel de alertar a sociedade para as limitações enfrentadas e para a urgência de políticas públicas mais abrangentes e comprometidas com a realidade das mulheres piauienses.
Durante a audiência pública realizada na Alepi, o defensor público Marcus Vinicius Carvalho destacou que, apesar da ausência da maioria dos deputados, o encontro contou com a participação ativa de diversos setores da sociedade civil e do sistema de justiça. Estiveram presentes representantes de movimentos populares de mulheres, órgãos que compõem a Rede de Proteção, a Defensoria Pública, o Ministério Público, a Coordenadoria dos Juizados Especiais, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além de alguns deputados que decidiram comparecer.
No decorrer das discussões, também foram apresentados dados alarmantes sobre a violência contra a mulher no estado. Entre os anos de 2022 e 2025, o Piauí registrou a morte de 182 mulheres em casos de feminicídio, tendo como autores companheiros ou ex-companheiros das vítimas. O cenário revela uma tendência de crescimento contínuo. Apenas em 2024, foram contabilizados 56 casos, o que representa um aumento de 32% em comparação com o ano anterior. No ano atual, 2025, já foram registradas 19 mortes de mulheres em circunstâncias que se enquadram como feminicídio, indicando que o problema persiste e exige resposta urgente do poder público.
A exposição desses números durante a audiência reforçou a gravidade da omissão de grande parte dos parlamentares e a necessidade de ampliar as ações de enfrentamento, prevenção e acolhimento, especialmente em regiões do estado onde a Rede de Proteção ainda não está presente.
Da redação Ponto Notícias l Caroline Rosário