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Avança na rastreabilidade bovina com identificação eletrônica e biometria nasal

Projeto-piloto em Hulha Negra testa tecnologias inovadoras para monitoramento individual de bovinos e prepara o Estado para ser referência nacional em controle sanitário e exportações

Por: Redação Fonte: Redação
05/06/2025 às 06h00
Avança na rastreabilidade bovina com identificação eletrônica e biometria nasal
Centro de pesquisa em Hulha Negra testa chips eletrônicos e biometria nasal para rastreamento de bovinos no RS

A rastreabilidade individual de bovinos está se consolidando como uma das estratégias centrais de modernização da defesa agropecuária no Rio Grande do Sul. A ação é liderada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e integra um conjunto de medidas que visam elevar os padrões de controle sanitário no estado. Por meio dessa iniciativa, busca-se garantir que cada animal possa ser identificado e monitorado ao longo de toda sua trajetória, desde o nascimento até o abate, contribuindo para a segurança alimentar, a gestão eficiente dos rebanhos e a resposta rápida a possíveis surtos de doenças.

Com o uso de tecnologias de identificação eletrônica, cada bovino passa a contar com um código único, permitindo um acompanhamento rigoroso e individualizado. Isso significa que é possível saber com exatidão onde o animal nasceu, por quais propriedades transitou, em quais condições sanitárias se encontra e qual o seu destino final. Esse sistema não apenas eleva o nível de controle dentro da cadeia produtiva, mas também oferece maior transparência para consumidores e compradores, sejam eles nacionais ou estrangeiros.

A implementação dessa rastreabilidade individual se apresenta, ainda, como uma vantagem estratégica para o fortalecimento das exportações gaúchas de carne bovina. Ao atender exigências sanitárias e de controle mais rigorosas de mercados internacionais, o Rio Grande do Sul reforça sua competitividade e confiabilidade no cenário global, abrindo portas para novos acordos comerciais e consolidando sua posição como um dos principais produtores de carne do país. Trata-se, portanto, de um avanço tecnológico que alia sanidade animal, sustentabilidade e oportunidades econômicas.

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O projeto-piloto em desenvolvimento no Centro Estadual de Pesquisa e Diagnóstico em Sistema de Produção e Meteorologia Aplicada (CESIMET), situado no município de Hulha Negra, desempenha um papel estratégico na consolidação da rastreabilidade individual bovina no Rio Grande do Sul. Essa unidade de pesquisa atua como laboratório prático para o teste, validação e aperfeiçoamento de tecnologias que irão sustentar o modelo de controle sanitário proposto pelo Estado. Com uma estrutura voltada à experimentação em ambiente real, o CESIMET permite avaliar, de forma direta, a viabilidade e a eficácia das soluções aplicadas à identificação e ao monitoramento do rebanho.

Entre as inovações em teste, estão o uso de microchips implantados nos animais, a identificação biométrica por meio do padrão nasal – que funciona como uma espécie de "impressão digital" dos bovinos – e a integração de todos os dados em uma plataforma digital em tempo real. Esses recursos possibilitam a comunicação fluida entre o produtor rural e os sistemas de controle oficiais, assegurando que todas as informações sobre o animal, como nascimento, vacinação, movimentação e abate, sejam registradas de forma segura e instantânea.

A atuação do CESIMET como campo experimental confere maior segurança e confiabilidade à implementação definitiva do sistema de rastreabilidade em larga escala. Ao validar os fluxos de informação e a funcionalidade das tecnologias empregadas, o centro oferece um ambiente técnico e controlado que antecipa eventuais desafios, permitindo ajustes antes da expansão para todo o território gaúcho. Assim, o projeto-piloto se torna um elo essencial entre a inovação científica e a prática produtiva no campo, fortalecendo a base tecnológica da pecuária estadual.

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Segundo o secretário adjunto da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Márcio Madalena, o Rio Grande do Sul está em uma posição estratégica para liderar a implantação da rastreabilidade bovina no Brasil. Ele destaca que o Estado já avança com o projeto-piloto de identificação individual de bovinos e, paralelamente, promove uma modernização abrangente do Sistema de Defesa Agropecuária (SDA), que é a espinha dorsal do controle sanitário e produtivo no campo gaúcho. Essa modernização envolve não apenas o aprimoramento tecnológico, mas também um processo contínuo de diálogo com os diversos segmentos do setor agropecuário.

Madalena enfatiza que a construção dessa nova etapa da defesa agropecuária ocorre de forma colaborativa, com a participação ativa de produtores, entidades representativas e técnicos do setor. Essa articulação permite que as soluções adotadas estejam em sintonia com a realidade da cadeia produtiva e que eventuais entraves possam ser superados com mais agilidade e eficiência. A aposta em uma abordagem integrada, onde o desenvolvimento tecnológico caminha junto com o fortalecimento institucional e a cooperação com os agentes do campo, reforça a capacidade do Estado em alcançar os mais altos padrões de rastreabilidade e sanidade animal.

Com essa base consolidada, o secretário acredita que o Rio Grande do Sul está no caminho para se tornar um dos estados pioneiros na aplicação prática da rastreabilidade individual bovina no país. Isso colocaria o Estado em destaque nacional e internacional, não apenas pela capacidade de controle sanitário, mas também pela transparência e rastreabilidade que atende às exigências dos mercados mais exigentes do mundo.

O diretor adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi, Francisco Lopes, ressalta que o ambiente criado no Centro Estadual de Pesquisa e Diagnóstico em Sistema de Produção e Meteorologia Aplicada (CESIMET) é propício para consolidar a rastreabilidade como uma política pública eficiente e duradoura. Segundo ele, a combinação entre a presença de técnicos qualificados, a infraestrutura de pesquisa já instalada e o apoio da equipe técnica da Procergs – empresa responsável pela tecnologia da informação do governo estadual – garante as condições ideais para o desenvolvimento e o teste de soluções tecnológicas voltadas ao controle sanitário do rebanho bovino.

Francisco Lopes explica que o projeto-piloto tem um caráter duplo: ao mesmo tempo em que avalia o funcionamento do sistema de rastreabilidade já em operação, também serve como base para testar novas ferramentas em desenvolvimento. Essa abordagem prática permite identificar eventuais falhas, aprimorar os processos e antecipar as necessidades de ajuste antes da aplicação em larga escala. O projeto no CESIMET teve início em outubro do ano passado e segue sem um prazo fixo para encerramento, pois sua continuidade dependerá da evolução dos testes e da ampliação das experiências.

Ainda segundo o diretor adjunto, a expectativa é que o piloto se estenda para outras unidades e propriedades no Estado. Um dos próximos passos planejados é a implementação do projeto no Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), localizado em Eldorado do Sul, que deve se tornar o segundo centro experimental dessa fase de implantação. Além disso, está prevista a inclusão de propriedades privadas na iniciativa, o que permitirá ampliar a amostragem, avaliar a adaptabilidade do sistema em diferentes realidades produtivas e fortalecer a viabilidade de sua aplicação em todo o território gaúcho ainda neste ano.

Da redação Ponto Notícias  l  MARIA ALICE LUSSANI

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