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Setor arrozeiro gaúcho pressiona governo por medidas para conter crise de preços

Produtores e indústria pedem ações urgentes à Conab diante de comercialização abaixo do custo, estoques elevados e risco de inadimplência no campo

Por: Redação Fonte: Redação
09/06/2025 às 06h00
Setor arrozeiro gaúcho pressiona governo por medidas para conter crise de preços
Reunião entre líderes do setor arrozeiro e a Conab discute alternativas para crise de preços no arroz, em Porto Alegre

Reunião realizada em 6 de junho entre lideranças do setor arrozeiro do Rio Grande do Sul e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com o objetivo de cobrar ações do governo federal diante da crise de preços que afeta a cadeia produtiva do arroz. O encontro ocorreu na superintendência da Conab em Porto Alegre e contou com a presença de Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz), e Renato Franzner, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), além do presidente da Conab, Edegar Pretto.

Durante a reunião, os representantes do setor expuseram um cenário preocupante para a orizicultura gaúcha: apesar do aumento na área plantada e na produtividade das lavouras, o setor enfrenta demanda interna enfraquecida, desempenho abaixo do esperado nas exportações e preços internacionais pouco competitivos. Alexandre Velho destacou que o valor atual de comercialização do arroz está muito abaixo do custo de produção. Segundo ele, o custo para produzir uma saca de 50 quilos é de R$ 90,00, mas o cereal está sendo vendido por apenas R$ 70,00 — o que gera prejuízo direto ao produtor.

Além do desequilíbrio nos preços, outro fator agravante apontado é a falta de liquidez no mercado, dificultando a comercialização da safra e o fluxo de caixa dos produtores. Diante desse quadro, o setor pressiona por medidas emergenciais e estruturantes que ajudem a reequilibrar o mercado e a garantir a sustentabilidade da produção de arroz no estado.

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acrescenta uma dimensão ainda mais urgente à situação enfrentada pelos produtores de arroz no Rio Grande do Sul. Durante a reunião com a Conab, o presidente da Federarroz, Alexandre Velho, destacou que os meses de junho e julho serão decisivos, pois coincidem com os vencimentos dos financiamentos contratados para custeio da safra anterior. Ele alertou que, diante dos preços praticados atualmente no mercado, muitos produtores correm o risco de não conseguirem honrar seus compromissos financeiros.

Velho apelou ao governo federal para que ofereça apoio efetivo ao setor, lembrando que o objetivo não é pressionar por preços artificialmente altos, mas sim buscar uma remuneração justa e equilibrada. Ele enfatizou que, assim como o consumidor final deve ser protegido, o produtor também precisa de condições mínimas de rentabilidade para continuar operando. A fala reforça a necessidade de políticas públicas que conciliem as pontas da cadeia produtiva, garantindo acesso ao alimento a preços justos sem comprometer a viabilidade econômica da produção agrícola.

O presidente da Conab, Edegar Pretto, reconheceu publicamente a gravidade do cenário enfrentado pelo setor arrozeiro, admitindo que, apesar dos esforços já feitos, as ações do governo federal não têm sido suficientes para conter o desequilíbrio nos preços. Em resposta às demandas dos produtores, Pretto anunciou o compromisso de convocar uma reunião interministerial em Brasília na próxima semana, com a participação dos ministérios da Fazenda, Agricultura, Desenvolvimento Agrário, Casa Civil e da própria Conab. A proposta é reunir essas esferas do governo para discutir, junto com os representantes do setor, alternativas mais eficazes que possam aliviar a crise e oferecer maior estabilidade econômica aos produtores.

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Entre as medidas em análise, Pretto mencionou a possibilidade de reativar o instrumento de contrato de opção de venda, que permite ao produtor vender sua produção ao governo por um preço pré-estabelecido, garantindo assim uma referência mínima de remuneração. Ele também destacou que, após mais de uma década, a Conab voltará a formar estoques públicos de arroz — uma sinalização de que o governo pretende intervir de forma mais ativa no mercado para regular a oferta e proteger a produção nacional. A fala de Pretto reforça o papel da Conab como agente de apoio e equilíbrio, com ações concretas que possam reduzir a vulnerabilidade dos agricultores frente às oscilações do mercado.

O presidente da Abiarroz, Renato Franzner, também participou da reunião e reforçou a urgência de ações que promovam o reequilíbrio do mercado de arroz no Brasil. Segundo ele, o setor enfrenta atualmente um excesso de oferta em relação à demanda interna e às possibilidades de exportação, especialmente no contexto do Mercosul. Essa distorção tem pressionado os preços para baixo, comprometendo a sustentabilidade econômica de toda a cadeia produtiva.

Franzner defendeu que o governo adote mecanismos capazes de segurar parte da produção excedente, permitindo que o mercado se reorganize e os preços retornem a um patamar viável tanto para produtores quanto para a indústria. Ele foi enfático ao afirmar que a indústria também é prejudicada por valores muito depreciados, e que a busca é por um equilíbrio que mantenha a competitividade sem inviabilizar os elos da cadeia. A fala aponta para uma convergência de interesses entre produtores e processadores, ambos dependentes de um ambiente de negócios mais estável e previsível.

 Da redação Ponto Notícias  l Chagas/AgroEffective

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