Pesquisadores de diversos países têm voltado seus olhos para uma vasta área submersa no Pacífico Sul que pode redefinir o mapa geológico mundial. Trata-se da Zelândia, uma enorme massa continental que cobre cerca de cinco milhões de quilômetros quadrados — praticamente do tamanho da Índia — mas que permanece quase inteiramente debaixo d’água. Apenas uma pequena parte de sua superfície se projeta acima do nível do mar, formando a Nova Zelândia e algumas ilhas adjacentes.
O interesse pela Zelândia tem crescido nos últimos anos, à medida que estudos geológicos e novas tecnologias de mapeamento submarino revelam evidências de que ela possui todos os atributos necessários para ser classificada como um continente. Entre esses atributos estão a crosta continental espessa, uma composição geológica distinta do fundo oceânico ao redor e uma história tectônica própria.
Apesar dos desafios logísticos impostos por estar quase totalmente submersa, a Zelândia se tornou um campo fértil para o estudo da formação e separação dos continentes. A possibilidade de reconhecê-la como o oitavo continente do planeta contribui para avanços científicos no entendimento das placas tectônicas e da evolução geológica da Terra.
A origem da Zelândia está profundamente enraizada na história antiga da Terra, remontando a mais de 100 milhões de anos. Naquela época, ela fazia parte do supercontinente Gondwana, uma gigantesca formação continental que reunia as atuais América do Sul, África, Antártica, Austrália e porções do sul da Ásia. Foi durante a fragmentação gradual desse supercontinente, causada pelos intensos movimentos das placas tectônicas, que a Zelândia começou a tomar forma como uma entidade geológica distinta.
Cerca de 85 milhões de anos atrás, essa grande massa de terra se separou primeiro da Antártica Ocidental e depois da Austrália, iniciando seu processo de isolamento. A movimentação tectônica contínua provocou alterações estruturais significativas em sua crosta, que ao longo do tempo perdeu espessura e se resfriou. Esse enfraquecimento geológico resultou na submersão da maior parte de seu território.
Hoje, aproximadamente apenas cinco por cento da Zelândia está acima do nível do mar, o que inclui a Nova Zelândia e algumas ilhas menores. Essa trajetória única de formação, isolamento e submersão faz da Zelândia um exemplo raro na história da geologia, despertando grande interesse por parte da comunidade científica internacional e reforçando a proposta de sua classificação como o oitavo continente.
A possível classificação da Zelândia como um continente independente é fundamentada em critérios geológicos consistentes e respaldados por pesquisas recentes. A principal característica que sustenta essa proposta é a presença de uma crosta continental espessa, distinta da crosta oceânica comum, o que indica que a Zelândia possui uma base estrutural similar à dos demais continentes conhecidos.
Estudos baseados em geocronologia e análise de dados magnéticos ampliaram o conhecimento sobre sua formação e composição. Amostras de rochas colhidas em suas áreas emergidas revelaram uma diversidade geológica marcante, incluindo arenitos, seixos vulcânicos e lavas basálticas com idades que variam do período Cretáceo Inferior ao Eoceno. Essa variedade é comparável à encontrada em continentes como a Austrália e a América do Sul.
Além disso, levantamentos sísmicos e magnéticos revelaram padrões bem definidos que demarcam os limites da Zelândia, o que reforça a percepção de que se trata de uma estrutura coesa e autônoma. A combinação de crosta espessa, composição geológica variada e fronteiras tectônicas claramente delineadas forma o conjunto de evidências que permite a muitos cientistas considerarem a Zelândia como um continente legítimo, e não apenas um fragmento isolado ou microcontinente.
Da redação Ponto V Notícias