O mais recente relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou poucas alterações para a safra global de milho referente ao ciclo 2024/25. As estimativas de produção permaneceram estáveis para os principais produtores: os Estados Unidos seguem com previsão de 377,63 milhões de toneladas, o Brasil com 130 milhões de toneladas, e a Argentina com 50 milhões de toneladas. Esses números reforçam uma perspectiva de estabilidade na produção global, sem grandes surpresas ou revisões significativas por parte do órgão norte-americano.
No mercado internacional, o comportamento dos preços foi moderadamente positivo na Bolsa de Chicago, onde o contrato do milho com vencimento em julho de 2025 fechou cotado a US$ 4,45 por bushel, representando uma alta semanal de 0,68%. Já no Brasil, os preços se moveram em sentido oposto: na B3, o mesmo contrato encerrou a semana com queda de 1,97%, sendo negociado a R$ 63,30 por saca. Esse movimento reflete o enfraquecimento dos preços no mercado físico doméstico, pressionado por uma demanda limitada e pela retração nas negociações em várias regiões produtoras.
De modo geral, o mercado segue atento aos fundamentos globais e à dinâmica local, com uma combinação de estabilidade nas estimativas de produção e oscilações de preços que refletem fatores internos e externos. O comportamento das cotações nos próximos meses dependerá da confirmação dessas projeções e da evolução climática nas principais regiões produtoras do Hemisfério Sul.
A análise da plataforma Grão Direto traça um panorama de curto prazo para o mercado de milho, destacando fatores internacionais e domésticos que influenciam diretamente a formação dos preços e o comportamento da oferta e demanda. Um dos principais pontos de atenção recai sobre o Irã, que despontou como o maior destino das exportações brasileiras no primeiro semestre de 2024, com mais de 35% de participação nas vendas externas do cereal. A possível redução nas importações iranianas preocupa o setor, sobretudo diante do agravamento das tensões no Oriente Médio e do impacto que o conflito pode causar tanto na demanda pelo grão quanto nos custos de produção agrícola, especialmente por conta da alta dos fertilizantes e do petróleo.
Outro aspecto relevante abordado no relatório é o recente acordo entre China e Estados Unidos, que reduziu tarifas sobre produtos comerciais e trouxe mais previsibilidade ao mercado. Apesar do impacto limitado sobre o milho, considerando os baixos volumes exportados pelos EUA ao país asiático, o movimento sinaliza uma melhora nas relações comerciais e pode abrir espaço para um leve aumento nas exportações globais, embora Brasil e Argentina sigam como concorrentes diretos e mais competitivos. Com estoques globais confortáveis e uma safra recorde nos EUA, o cenário geral se mantém estável, com tendência de pressão sobre os preços, porém sem expectativa de oscilações bruscas no curto prazo.
Por fim, a disputa entre Brasil e Estados Unidos tende a se intensificar na próxima temporada, especialmente no fornecimento de milho para grandes mercados como a China. A boa produtividade norte-americana e a entrada da safrinha brasileira impõem uma pressão de baixa sobre os preços, mas fatores como a colheita atrasada e os estoques mais apertados, segundo a Conab, devem evitar quedas agressivas no valor do grão. A combinação entre guerra, clima, acordos comerciais e oferta global desenha um cenário de atenção redobrada para produtores e exportadores nos próximos meses.
No contexto atual, o avanço da colheita da segunda safra brasileira de milho tende a manter pressão sobre os preços do cereal no curto prazo. O aumento da oferta interna, impulsionado por uma boa produtividade em várias regiões, favorece uma tendência de queda nas cotações, principalmente nas praças onde a colheita está mais acelerada. Esse movimento é natural do período e se reflete também nas negociações físicas, onde compradores aguardam novos patamares de preços diante da maior disponibilidade do produto.
Apesar dessa pressão, a demanda doméstica surge como um importante elemento de sustentação. A indústria de rações, o setor de proteína animal e o consumo por parte de usinas de etanol a partir do milho seguem firmes, atuando como limitadores de quedas mais acentuadas. Esse equilíbrio entre oferta crescente e demanda ativa contribui para uma estabilização parcial dos preços, especialmente nas regiões onde o escoamento logístico é mais eficiente ou onde há maior concentração de indústrias consumidoras.
No cenário externo, o foco permanece voltado ao desempenho das lavouras dos Estados Unidos, o maior produtor mundial do grão. O acompanhamento do clima e das condições de desenvolvimento da safra norte-americana continuará sendo um fator determinante para o humor dos mercados futuros. Qualquer sinal de perda de produtividade ou alteração nas previsões de oferta pode gerar volatilidade nas cotações internacionais, afetando também a formação de preços no Brasil.
Da redação Ponto Notícias l Victor Faverin