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Algodão volta a ganhar espaço no Paraná com potencial de alta produtividade e rentabilidade

Produtores paranaenses retomam cultivo com avanços no controle de pragas e benefícios ao solo, enquanto demanda interna segue aquecida

Por: Redação Fonte: Redação
27/06/2025 às 07h00
Algodão volta a ganhar espaço no Paraná com potencial de alta produtividade e rentabilidade
Produtor rural em plantação de algodão no Norte do Paraná, onde a cotonicultura registra crescimento expressivo e maior eficiência no manejo agrícola

O algodão pode se tornar novamente uma alternativa atrativa para os agricultores do Paraná, diante das variações nos preços de culturas tradicionais e dos impactos provocados pelas mudanças climáticas. O estado, que já ocupou o posto de maior produtor nacional no início dos anos 1990 — com mais de 700 mil hectares dedicados à cultura —, começa a vislumbrar uma possível retomada dessa atividade agrícola.

Essa cultura é reconhecida por sua resistência à seca, exigindo pouca água e longas horas de luz solar para se desenvolver plenamente. No Brasil, a produção de algodão se concentra no Cerrado, especialmente no Mato Grosso, e também no Noroeste paranaense, onde o clima é semelhante ao do Centro-Oeste. O solo do Paraná, por sua vez, apresenta uma fertilidade superior, o que permite a utilização de apenas metade da adubação normalmente empregada no Cerrado, representando uma vantagem competitiva importante para os produtores locais.

De acordo com o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes, o retorno do algodão ao campo paranaense representa um movimento significativo para a agricultura do estado. Ele destaca que o cultivo tem crescido expressivamente, oferecendo mais uma opção de rotação de culturas e contribuindo para a elevação da renda dos produtores rurais. Embora a produção atual ainda seja modesta — cerca de 2,4 mil toneladas —, ela contrasta com os volumes expressivos da década de 1990, quando o Paraná liderava nacionalmente o setor.

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A demanda, no entanto, permanece elevada. Segundo dados da Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar), seriam necessários 50 mil hectares de lavouras de algodão para atender plenamente o mercado interno do estado. Informações de 2014 indicam que o parque têxtil paranaense consumia cerca de 60 mil toneladas de plumas por ano, abastecendo pelo menos 10 fiações e sete tecelagens. Atualmente, a maior parte dessa matéria-prima é importada de regiões como o Cerrado, dada a insuficiência da produção local.

Em 2024, a produção comercial de algodão no Paraná ainda é restrita a poucos municípios, com apenas cinco deles registrando atividade na cultura segundo os dados do Valor Bruto de Produção (VBP). Destaca-se o caso de Sertaneja, no Norte do Estado, que lidera como maior produtor. O município teve um crescimento expressivo: saltou de 601 toneladas colhidas em 124 hectares, em 2023, para 2.095 toneladas em 520 hectares no ano seguinte. Esse avanço resultou em um aumento de 107% no VBP, que passou de R$ 8,8 milhões para R$ 18,3 milhões.

Além de Sertaneja, os municípios de Assaí e Jataizinho já apresentavam produção consolidada. Em 2024, Andirá e Nova Santa Bárbara iniciaram o cultivo de algodão, indicando um movimento de retomada mais amplo. A expectativa da Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar) é de que essa tendência continue em 2025, com a área plantada saltando dos atuais 584 hectares para cerca de 1,5 mil hectares, impulsionando a retomada da cultura no estado.

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Almir Montecelli, diretor-presidente da Associação dos Cotonicultores Paranaenses, destaca que a produtividade do algodão no Paraná atualmente pode ser até o dobro do que se obtinha no passado e também superior em comparação a outras culturas populares na região. Ele explica que, em condições típicas, o estado pode alcançar uma colheita de 500 arrobas por alqueire, o que representa uma lucratividade duas vezes maior do que a da soja.

Além disso, Montecelli ressalta que alguns produtores já superam essa média, conseguindo rendimentos ainda mais elevados. Em 2024, há registros de agricultores que colheram até 700 arrobas por alqueire, resultado de avanços nas variedades cultivadas, nas técnicas agrícolas e nas condições favoráveis do solo e clima, refletindo diretamente no aumento da rentabilidade da cotonicultura no estado.

Almir Montecelli também destaca que, no passado, o bicudo do algodoeiro — a principal praga da cultura, conhecida pelo alto potencial destrutivo — representava um grande desafio para os produtores. Atualmente, esse problema pode ser controlado de forma mais eficiente no Paraná. Enquanto em outras regiões do Brasil são necessárias cerca de 15 aplicações de inseticidas para controlar o bicudo, no Paraná o manejo exige apenas sete aplicações e, diferentemente do restante do país, não há necessidade do uso de fungicidas.

Além disso, a produção de algodão traz benefícios ao solo. A rentabilidade obtida em uma única safra pode ser suficiente para dispensar a necessidade de uma segunda safra no mesmo ano, o que ajuda a preservar a qualidade do solo, evitando seu desgaste. Essa conservação favorece a produtividade das culturas subsequentes, seja do próprio algodão ou de outras plantações.

Da redação P&V Notícias  l  Com informações da AEN/PR

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