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O Festival Todas as Músicas Krahô – Encontro de Mestres Cantores e Cantoras, marcado para acontecer de 3 a 6 de julho de 2025, representa um marco na valorização e preservação do patrimônio cultural indígena no Brasil. Realizado na Aldeia Areia Branca, localizada na Terra Indígena Kraolândia, que abrange os municípios de Goiatins e Itacajá, no Tocantins, o evento reunirá 50 mestres cantores, recitadores e instrumentistas oriundos de 12 das 42 aldeias do povo Krahô.
Mais do que uma celebração artística, o festival é um esforço coletivo para registrar, documentar e manter vivo o vasto acervo oral musical dos povos Timbira-Krahô/Apinajé. Trata-se de uma imersão nas formas de conhecimento, nas cosmologias e nas tradições que atravessam gerações, compartilhando cantos sagrados, narrativas mitológicas, ritmos cerimoniais e os modos próprios de ver, sentir e interpretar o mundo. O encontro propõe uma conexão entre passado, presente e futuro, promovendo a continuidade das práticas culturais diante dos desafios contemporâneos enfrentados pelas comunidades indígenas.
Durante o Festival Todas as Músicas Krahô, todas as performances serão registradas em áudio e vídeo por técnicos do próprio povo Krahô, devidamente capacitados para essa tarefa. O processo contará com o acompanhamento de pesquisadores – tanto indígenas quanto não indígenas – além da participação ativa da comunidade local. O conteúdo gravado será armazenado em formato digital, passando por processos de transliteração e tradução, com o objetivo de preservar e difundir esse patrimônio oral. O material servirá de base para estudos desenvolvidos pelo Núcleo Takinahaky, da Universidade Federal de Goiás (UFG), e será utilizado também em atividades formativas e educativas organizadas por associações Krahô.
Paralelamente às apresentações musicais, o festival também promoverá uma oficina multicultural de comunicação digital voltada a jovens indígenas. A atividade será conduzida por voluntários da Associação Ninho Cultural, e ensinará práticas de produção de conteúdo para redes sociais, com o uso de celulares e computadores. A proposta é capacitar os participantes para que possam divulgar o festival e, mais amplamente, fortalecer a presença e a visibilidade da cultura Krahô no ambiente digital.
O Festival Todas as Músicas Krahô envolverá ativamente toda a comunidade local, promovendo não apenas as apresentações musicais, mas também uma série de manifestações culturais tradicionais. Entre as atividades previstas estão as pinturas corporais típicas, corridas com flechas e toras – rituais de grande valor simbólico – e a tradicional troca de presentes entre os participantes, reforçando laços de reciprocidade e pertencimento. A população da aldeia e visitantes participarão tanto das apresentações quanto das oficinas formativas, criando um ambiente de intensa troca cultural e aprendizado coletivo.
Além da dimensão artística, o festival incluirá rodas de conversa com foco na reflexão e no aprofundamento dos temas centrais do projeto, como a valorização da oralidade, a continuidade dos saberes tradicionais e o uso das tecnologias na preservação cultural.
Com essa programação ampla, o Festival Todas as Músicas Krahô se consolida como uma iniciativa fundamental para a salvaguarda da memória coletiva, o incentivo às novas gerações e a valorização do patrimônio imaterial do povo Krahô. Ao unir tradição e inovação, o projeto reafirma a vitalidade das culturas indígenas em contextos contemporâneos.
A proposta também integra a pesquisa de mestrado do professor Gregório Huhtê, em andamento no programa de pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), ampliando ainda mais o alcance acadêmico e institucional do festival.
O Festival Todas as Músicas Krahô é uma realização do Governo Federal, por meio do Ministério dos Povos Indígenas, e conta com o apoio de diversas instituições e parceiros comprometidos com a valorização das culturas indígenas. Entre os apoiadores estão a Associação Ninho Cultural, o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás (UFG), a Revista PIHHY, o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), e a Universidade Federal do Tocantins (UFT), por meio do Núcleo de Estudos e Assuntos Indígenas (NEAI).
Também integram a rede de apoio o Toca Estúdio Taquarussu (Estúdio Móvel), além do Governo do Estado do Tocantins, por meio das Secretarias da Cultura (Secult) e dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot). Essa articulação institucional garante a estrutura necessária para a realização do evento e reforça o compromisso coletivo com a preservação, valorização e difusão da herança imaterial do povo Krahô.
